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Você sabe o que é Condromalácia?

Prof. José Nunes da Silva Filho*

CondromaláciaA condromalácia patelar pode ser considerada como sendo um estágio avançado da “síndrome da dor patelo-femural”, que é popularmente conhecida como “joelho de corredor”. Trata-se de patologia crônica degenerativa específica da cartilagem da articulação localizada na parte posterior da patela e dos côndilos femorais. Conceitualmente a condromalácia é definida quando já se percebe a ocorrência de algum tipo de lesão estrutural, já em contrapartida, podendo ser considerado um estágio inicial da mesma, ou seja, quando se é notada apenas a presença de desconforto e/ou dor na região poplítea, considera-se como uma “síndrome da dor patelo-femural”.

Não há um consenso pré-estabelecido quanto as suas principais causas, porém, acredita-se que algumas hipóteses estejam relacionadas com o surgimento da doença, e dentre esse, encontram-se fatores anatômicos e fisiológicos que podem levar ao enfraquecimento da cartilagem. Partimos da premissa que o fator mais comum da doença seja o traumatismo crônico causado por um atrito causando entre a patela e o sulco patelar do fêmur. Podemos ainda encontrar na literatura, que a cartilagem articular do joelho ao longo do tempo, acaba tornando-se menos espessa com chegar da velhice, independentemente da presença ou não de doenças correlacionadas.

O processo degenerativo pode ser explicado devido paralelamente ao envelhecimento da cartilagem, ocorrer alterações metabólicas e morfológicas que acabam desencadeando em desordens articulares sérias, resultando assim, em deteriorações das funções teciduais. Além das causas crônicas supracitadas, o problema ainda pode ser causado através de traumas agudos, como por exemplo, algum tipo de pancada que, dependendo da intensidade que ocorra, acaba gerando fissuras estruturais que resultariam em condições semelhantes.

Depois que o indivíduo passa a conviver com a condromalácia, a mesma acaba se tornando um problema crônico, que muitas vezes impossibilita-o na realização de atividades articulares habituais, gerando inaptidões nas atividades de correr, agachar, subir e descer degraus, andar de bicicleta e ao saltar. Dependendo de quão evoluído esteja esse processo degenerativo.

Em virtude disso, iremos descrever, as quatro classificações em que a condromalácia pode enquadrar-se, para tanto, seguiremos a classificação descrita por Outebrige em 1961 (5):
·       Grau I: amolecimento da cartilagem e edemas.
·       Grau II: fragmentação da cartilagem ou rachaduras com diâmetro inferior a 1,3 cm de diâmetro.
·       Grau III: fragmentação ou rachaduras com diâmetro superior a 1,3 cm de diâmetro.
·       Grau IV: erosão ou perda total da cartilagem da articulação em questão, com exposição do osso subcondral.

Considerações finais

A condromalácia, infelizmente, pode resultar em diversas complicações desfavoráveis, podendo interferir significativamente na força muscular, danos à cartilagem, excesso de tensão nas estruturas ligamentares, e desvios posturais da patela. Portanto, se você vem sentindo esse tipo de dor/sintoma na região do joelho fica evidente a necessidade de um exame clínico específico. Pois, talvez sua condição/estágio esteja ainda em fase inicial, (síndrome da dor patelo-femural) e, em seguida, comece um tratamento preventivo para que num futuro próximo a síndrome não progrida para o processo degenerativo chegando a um quadro de condromalácia. Pois, dependendo do estágio de uma lesão condral, acabe incapacitando-o de suas atividades laborais, e/ou em caso de atletas de alto rendimento, tendo que parar/desistir com a prática esportiva.


Obrigado pela leitura, esperamos tê-lo ajudado!
Referências
1.    Machado, F. et al. Condromalácia Patelar: aspectos estruturais, moleculares, morfológicos e biomecânicos. Revista de Educação Física, v. 130, p. 29-37, 2005.
2.    Hudelmaier M. et al. Age-related changes in the morphology and deformational behavior of knee joint cartilage. Arthritis Rheum 2001; 44(11):2556-61.
3.    Schiefke I. et al. Morphological and histochemical ageing changes in patellar articular cartilage of the rat. Anat Anz. 1998; 180(6):495-500.
4.    Witvrouw E. et al. Open Versus Closed Kinetic Chain Exercises in Patellofemoral Pain A 5-Year Prospective Randomized Study. Am J Sports Med 2004; 32(5):1122-30.
5.    Outerbridge R. The etiology of chondromalacia patellae. Br J Bone Joint Surg.1961; 43B:752-7.

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