SEXO NA TERCEIRA IDADE

*Por Fabiane Dell Antônio

O Brasil poderá situar-se entre as seis maiores populações de idosos no mundo no ano de 2020, com 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representará 14% da população total nacional (Chaimowicz, 1998).

Para Almeida e Patriota (2009) um dos aspectos relacionados ao idoso que mais sofre preconceito é a sexualidade. Ao longo do desenvolvimento da sociedade, mitos, tabus e preconceitos foram sendo criados e recriados, possivelmente pela forma como a pessoa se relacionou com a sua sexualidade, como adquiriu conhecimentos a respeito, ou como foi construída sua identidade sexual. E neste contexto a mulher mais velha tem mais dificuldade de reconstruir uma vida afetiva sexual, talvez porque foi educada de forma muito rígida e repressora.

Com o envelhecimento ocorre alterações físicas que necessitam de modificações na sexualidade, e isto irá depender do aspecto de vida da pessoa, sua condição física e emocional, e seu estado civil. De acordo com Sousa (2008) para compreender a problemática da sexualidade nos idosos é preciso levar em conta fatores básicos que afetam o comportamento e a resposta sexual em qualquer idade, são eles:
• Saúde física: a doença pode reduzir ou impedir o interesse pela sexualidade em qualquer idade.
• Preconceitos sociais: experiência subjetiva do envelhecimento é amplamente influenciada pela ideologia cultural. A crença na progressiva e generalizada incompetência, assim como na impotência sexual dos idosos faz parte intrínseca destes estereótipos.
• Autoestima: os valores culturais orientados para a juventude tendem a depreciar os indivíduos idosos em termos de sua aptidão e atração sexual.
• Conhecimentos sobre a sexualidade: muitos homens deixam de ter relações e tornam-se impotentes por não compreenderem as mudanças fisiológicas ligadas ao processo do envelhecimento, interpretam-nas como impotência. Com sua autoestima baixa ficam receosos de não conseguirem uma ereção e evitam ter relações para não terem frustrações.
• Status conjugal: a regularidade das relações sexuais da faixa etária de 50 anos ou mais está muito ligada à oportunidade representada pela situação conjugal.

As mulheres idosas preferem carícias, abraços, beijos, toques com manipulação dos seios ou clitóris, sem a penetração vaginal. Polizer e Alves (2009) relatam em seu estudo que na mulher idosa a fase de excitação pode ser mais rápida, pois o bom conhecimento do seu corpo facilita um rápido aumento de sua excitação. Assim como observaram que com o envelhecimento existe uma diminuição da duração do orgasmo, provavelmente devido a menos contrações vaginais e por estas serem mais fracas.

  



O papel da Fisioterapia

O que altera na mulher com idade mais avançada em relação à função sexual é o tipo de resposta sexual, esta torna-se mais lenta e menos intensa em função da diminuição do estrogênio circulante, porém não menos prazerosa ou satisfatória. Diante disto, Etienne e Waitman afirmam que ao melhorar o grau de força dos músculos do assoalho pélvico muitas mulheres deixam de apresentar queixas de disfunção sexual, obtendo melhora da sensibilidade genital, da excitação e da satisfação sexual. Portanto, mantendo os músculos do assoalho pélvico fortalecidos evita-se uma diversidade de problemas físicos que ocorrem nos períodos mais avançados da vida (Polizer e Alves, 2009).

Na atividade clínica observa-se que com o início do atendimento fisioterapêutico as mulheres e homens começam a ter conhecimento do seu próprio corpo e de sua sexualidade, compreendem as mudanças corporais do envelhecimento e ocorre um aumento na consciência corporal geral e pélvica, facilitando a resposta corporal aos estímulos sexuais.

As técnicas mais utilizadas para tratar a sexualidade pela Fisioterapia são cinesioterapia, eletroterapia, biofeedback e massagem perineal. Recomenda-se o ensino da anatomia local e das alterações fisiológicas decorrentes da idade, assim como esclarecimentos das possíveis alterações encontradas na avaliação e nas atividades diárias do paciente.

Fabiane Dell´Antônio é fisioterapeuta, palestrante e professora universitária desde 1999, está escrevendo um livro sobre o assunto Sexo e Sexualidade. No decorrer da vida acadêmica e clínica, especializou-se em Neuropsicologia e Aprendizado – PUC / PR, em Fisioterapia em Uroginecologia – CBES / PR, em Sexualidade Humana – USP / SP e Mestrado em Ciências da Saúde Humana – UnC / SC.

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