Trabalho noturno causa problemas ao sono e à saúde

Os hormônios envolvidos na qualidade do sono são os mesmos que permitiram a descoberta de que dormir mal durante a Lua Cheia não é apenas um mito.


Quem trabalha no período noturno e precisa descansar durante o dia dorme menos e pior.

Além disto, os hormônios melatonina e cortisol, bem como as citocinas inflamatórias salivares, sofrem uma desregulação em sua produção, o que pode ser um indicador para diversas doenças, incluindo o câncer.

Segundo a pesquisadora Érica Lui Reinhardt, da Faculdade de Saúde Pública da USP, para diminuir estes problemas, as empresas deveriam implantar turnos alternantes, já que o trabalho noturno é necessário a alguns setores profissionais.

Um exemplo seria a pessoa trabalhar dois dias de manhã, dois dias de tarde e dois dias de noite, depois ter dois dias de folga.



Melatonina e cortisol
Devido à exposição à luz durante a noite, o organismo dos trabalhadores noturnos secreta menos o hormônio melatonina, que participa do controle dos ritmos biológicos, incluindo o que regula o sono.

Ou seja, a mudança na quantidade de melatonina no organismo também altera o relógio biológico, pelo qual o corpo diz a hora de dormir.

Quanto mais escuro e calmo um ambiente, mais melatonina tende a ser secretada e com mais sono a pessoa fica.

"O trabalhador poderia dormir 7, 8 horas, mas ele acaba acordando antes porque o organismo dele diz 'não é para você estar dormindo'. Então ele dorme menos. A qualidade deste sono provavelmente também é pior," explica a pesquisadora.

A secreção de cortisol nesses trabalhadores, por sua vez, perdeu seu ritmo natural. Este hormônio prepara para situações de estresse, podendo prejudicar esta função.

Além disto, melatonina e cortisol ajudam no controle das respostas aos agentes que invadem o corpo, como microrganismos, com destaque para o papel do cortisol.


Defesas imunológicas
Outra informação revelada pela pesquisa é que os horários de produção de citocinas salivares durante o dia também se alteraram, o que talvez possa, a longo prazo, acarretar prejuízos aos processos imunológicos.

Mesmo não tendo como foco as doenças ocasionadas quando estas alterações ocorrem, a pesquisadora explica que a mudança no ciclo da melatonina "tem sido relacionada com surgimento do câncer de mama em mulheres e de próstata em homens".


  

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