Fisioterapia Respiratória e Cirurgia Abdominal Alta


Fisioterapia Respiratória e Cirurgia Abdominal Alta - Artigo de Opinião
Autora: Dalete Helena Silvério Narciso
daletenarciso@hotmail.com
Data de envio: 14/07/2012
Data de avaliação: 12/06/2014

De acordo com Costa (1999), o sistema respiratório, não tem funcionamento isolado, pois trabalha em interação com outros órgãos e sistemas, posteriormente Fujimara e Toloso (2001) relataram que a constituição da parede abdominal é uma importante proteção para as vísceras, sendo capaz de lhe conferir uma ideal manutenção da pressão abdominal.
Sabe-se que a entrada de ar nos pulmões depende de uma pressão intrapulmonar mais negativa ou menos positiva que a atmosférica, proporcionando assim, que fatores como a força muscular respiratória e elasticidade do tecido pulmonar contribuam para geração de um gradiente pressórico eficaz (COSTA, 1999).
No entanto, segundo Paisani, et al. (2007) as cirurgias abdominais altas, estão geralmente associadas à disfunção diafragmática, que se caracteriza por redução dos volumes pulmonares, propiciando o aparecimento de complicações pulmonares pós-operatórias, sendo estas mais freqüentes em pacientes que apresentam entre outros fatores idade avançada, desnutrição, obesidade, condição de fumante, doença pulmonar crônica obstrutiva, insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, alterações neurológicas e deformidades da caixa torácica.
Algumas alterações que se instalam no pós-operatório decorrem em função do tempo prolongado de cirurgia e anestésico, como a musculatura respiratória é programada para trabalhar ininterruptamente essas variáveis promovem efeitos deletérios no sistema respiratório alterando a troca gasosa e a mecânica pulmonar, principalmente após cirurgia do abdome superior (NEMER, 2007; PAISANI, et al., 2007).
A prevenção de complicações pulmonares pós-operatória deve iniciar antes do ato cirúrgico tanto por parte do cirurgião ao escolher uma ideal incisão, quanto do fisioterapeuta através do ganho e manutenção da força e endurance da musculatura respiratória no pré operatório. Avaliação de pico de fluxo expiratório em portadores de doenças obstrutivas. bem como avaliação da pressão inspiratória máxima (PImax) e da pressão expiratória máxima (PEmax) permitem o nortear de uma adequada prescrição do plano de tratamento cinesiológico funcional (KIRBY, 1997 abud LUNARDI, 2006; PAISANI, et al., 2006).
Ao detectar disfunções da força muscular respiratória no pós operatório em pacientes que não passaram pelo tratamento cinesiológico funcional no pré operatório surge a necessidade de iniciar a fisioterapia respiratória objetivando prevenir o aparecimento de complicações pulmonares, capazes de aumentar o tempo de internação e os riscos reais de morbidade e mortalidade no pós-operatório dos pacientes submetidos a cirurgia abdominal alta.
“As verdadeiras complicações constituem-se numa segunda doença inesperada que traz repercussão clínica para o paciente e prolonga principalmente o tempo de permanência no pós-operatório” (PEREIRA et al., 2000).
REFERÊNCIAS

1- AZEREDO, C.A.C. Fisioterapia respiratória moderna. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002.

2- BELLINETTI, LM; THOMSON JC. Avaliação muscular respiratória na toracotomias e laparatomias superiores eletivas. Jornal Brasileiro de Pneumologia. São Paulo, ed. 2, v.32, p. 99 – 105. mar/abr. 2006.
3- BOGOSSIAN, A.T; BOGOSSIAN, L. Resposta orgânica ao trauma. In: VIEIRA, O.M. Clínica Cirúrgica-Fundamentos Teóricos e Práticos. 1. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1989.
4- COSTA, D. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu, 1999. p 7 - 38.
5- CREMA, E. et al. Correlação manométrico-radiológica e sua importância no tratamento cirúrgico do megaesôfago chagásico. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Uberaba, v. 36, n.6, p. 665 - 669, nov/dez, 2003.

6- EULÁLIO, JMR, et al. Abdome e aparelho digestivo: esôfago. In: VIEIRA, OM, et al. Clínica cirúrgica: fundamentos teóricos e práticos. São Paulo: Atheneu, 2000. Cap. 16, p. 163 -168.
7-FUJIMARA, I; TOLOSA, EMC. Cirurgia das paredes abdominais: bases. In: GOFFI, FS. Técnica cirúrgica – Bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2001. Cap 57, p.442.

8- LUNARDI, A C. Efeito da fisioterapia respiratória na complicações pulmonares pó-operatórias em pacientes submetidos a esofagectomia. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo. 2006. Disponível em:. Acesso em 18 set. 2007

9- NEMER, SN. Avaliação da forca muscular inspiratória (PImax), da atividade do centro respiratório (P 0.1) e da relação da atividade do centro/força muscularrespiratória (PImax/P0.1)sobre o desmame da ventilação mecânica. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo. 2007. Disponível em: <>. Acesso em 18 set. 2007.
10- PAISANI, D M.; BENASSULE, E.; CHIAVEGATO, L D. Fisioterapia em cirurgia abdominal. In: SARMENTO, GJV. Fisioterapia Respiratória no Paciente Crítico: Rotinas Clínicas. 2 ed. São Paulo: Manole, 2007. Cap.57, p. 315 - 322.

11- PAISANI, DM, et al. Volumes, capacidade pulmonares e força muscular respiratória no pós-operatório de gastroplastia. Jornal Brasileiro de Pneumologia. São Paulo, v. 3, n. 2, p. 125 - 132, mar/ abr. 2006.

12- PEREIRA, EDB; FARESIN, SM; FERNANDES, ALG. Morbidade respiratória nos pacientes com ou sem síndrome pulmonar obstrutiva submetidos a cirurgia abdominal alta. Revista da Associação Médica Brasileira. São Paulo, v. 46, n. 1, p. 15 - 22, jan/mar. 2000.

13- ROSSI, LA; Bromberg, SH. Estudo prospectivo de derrame pleural pós-cirurgia abdominal e dos fatores de risco associados: avaliação por ultra sonografia. Radiologia Brasileira, São Paulo, v. 38, n. 2, p.101-106, mar/abr. 2005.

14- VALEZI, AL, et al. Tratamento do megaesôfago chagásico grau II laparoscopia: experiência em 12 casos. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Janeiro, v. 31, n. 3, p. 148 - 153, mai./jun. 2004.

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