Top 5 das melhores dietas: Andrea Santa Rosa Garcia e Pedro Assed analisam



Especialistas avaliam vantagens e desvantagens das cinco melhores dietas eleitas por site americano

Dietas novas surgem todos os dias, apoiadas em novas descobertas científicas, ou, simplesmente, na moda. Para guiar seus leitores nesse mar de novidades, o site americano US News & World Report divulgou, no último dia 6, a lista das melhores dietas entre as mais receitadas nos EUA, com base em avaliações de médicos e nutricionistas. O Top 5 do ranking geral foi esse aqui: Dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension); Dieta TLC (Therapeutic Lifestyle Changes); Dieta da Mayo Clinic; Dieta Mediterrânea e a Dieta dos Pontos.

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Algumas são bem conhecidas no Brasil; outras, menos. Para explicar e analisar as vantagens e desvantagens de cada dieta, convocamos a nutricionista Andrea Santa Rosa Garcia e o médico endocrinologista Pedro Assed. Os dois fizeram ressalvas importantes. “Preciso destacar que somos bioquimicamente diferentes um dos outros. Por isso, ainda acredito que uma dieta voltada para as necessidades de cada um, adequada em macro e micronutrientes, possa ser o melhor caminho para hábitos de vida saudáveis e duradouros”, defendeu a nutricionista. O médico também defendeu que o ideal é buscar a orientação de um endocrinologista, de um nutrólogo ou nutricionista para adquirir uma alimentação saudável. Por isso não deixe de procurar a orientação de um profissional qualificado antes de adotar alguma dessas dietas. Confira os pontos fortes e fracos de cada uma:

1) Dieta DASH

DASH é a sigla para Dietary Approaches to Stop Hypertension, ou abordagens dietéticas para combater a hipertensão, em tradução livre. Criada para combater a hipertensão sem o uso de remédios, também ajudaria a prevenir câncer, doenças do coração, pedras nos rins e diabetes. A primeira versão já data de meados da década de 1990; desde então, vem sendo aprimorada por meio de novas pesquisas e estudos. A principal entusiasta desta dieta é Marla Heller, nutricionista e autora de best-sellers sobre a DASH. A própria autora a define como uma versão americanizada e mais fácil de seguir da dieta mediterrânea.

Pedro Assed: “Feita para quem tem hipertensão, focando em evitar os alimentos ricos em sódio, como o sal, os enlatados e os embutidos. Quem não está tratando hipertensão, pode segui-la sem problema nenhum. Ela também diminui a tensão pré-menstrual (TPM), que é causada pelo inchaço dos neurônios, e a retenção de líquido. Acaba eliminando água do organismo. Dieta boa para quem tem outros problemas que não são pressão alta. Pode ser adotada como estilo de vida, indefinidamente”.

Andrea Santa Rosa Garcia: “A dieta DASH é rica em fibras e nos minerais potássio, cálcio e magnésio, e esses micronutrientes trazem benefícios sobre a pressão arterial. A dieta favorece também o emagrecimento, considerando que alimentos saudáveis substituem alimentos refinados, ricos em gorduras e açúcares, que prejudicam a perda do peso. Visto que há um equilíbrio entre macro e micronutrientes, não há restrições severas de nutrientes importantes para nossa saúde como os carboidratos complexos (integrais), proteínas magras e gorduras mono e poliinsaturadas (azeite, abacate, sementes e oleaginosas), além de vitaminas e minerais. Não há desvantagens na dieta”.

2) Dieta TLC

TLC é a sigla para Therapeutic Lifestyle Changes, ou mudança terapêutica de estilo de vida. A dieta é endossada pela American Heart Association. “Ela foi criada para quem quer baixar o LDL (o colesterol ruim) e aumentar o HDL (colesterol bom). A promessa é um aumento de 10% do HDL e uma redução de 6% do LDL em apenas seis semanas”, explica Pedro Assed. Isso é feito, basicamente, reduzindo a ingestão de carnes gordurosas, leite e laticínios integrais e frituras, entre outras orientações.

Pedro Assed: “Ela não foca em perda de peso, mas na qualidade do exame de sangue. Mesmo para quem não tem problemas de colesterol, ajuda na prevenção de doenças de longo prazo. Boa para quem tem histórico familiar importante, como pai ou mãe com doença do coração, tendo função preventiva. Pode ser adotada como estilo de vida”.

Andrea Santa Rosa Garcia: “A dieta TLC é uma dieta parecida com a DASH. Rica em ingestão de frutas, legumes, carboidratos complexos (integrais), proteínas magras e gorduras mono e poliinsaturadas (azeite, abacate, sementes e oleaginosas). Antes de iniciar a dieta TLC é recomendando procurar um nutricionista para calcular o número de calorias diárias que será ideal em seu cardápio. Em sua versão original não existe recomendação de quantas calorias uma pessoa”.

3) Dieta da Clínica Mayo

Desenvolvida pela clínica norte-americana; divulgada por livro homônimo lançado em 2010. Ela se inicia com duas semanas de foco em perda de peso, com 30 minutos de atividades físicas diárias e mudança de hábitos. Após esse período o foco é na manutenção dos hábitos saudáveis, com perda de peso mais lenta. A clínica oferece um livro, um serviço online e dois dias de um programa intensivo em alguma filial, seguidos de um ano de acompanhamento remoto. Não é recomendável para grávidas, lactantes, pessoas com doenças do coração e distúrbios alimentares. Já dispõem de site em português, de olho no mercado brasileiro.

Pedro Assed: “Foca no emagrecimento. Ela tem uma cartilha. É a mais chata de seguir, porque para perder peso a pessoa quase tem que decorar uma tabela nutricional. Não tem restrição, pode ser adotada por qualquer pessoa. Mas não é um estilo de via, quando a pessoa atinge o peso ideal, deve parar”.

4) Dieta Mediterrânea

Baseada nos hábitos alimentares dos povos que vivem em regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo, entre a Europa, a África e a Ásia. Privilegia alimentos frescos e descarta os industrializados. “O cardápio mediterrâneo se caracteriza pela riqueza do consumo de frutas, hortaliças (verduras e legumes), cereais, leguminosas (feijões, grão de bico, lentilha), oleaginosas (amêndoas, macâdamia, castanhas, nozes), peixes, leite e derivados (iogurte, queijos), vinho, azeite de oliva e uma enorme variedade de ervas de cheiro, que dão cor e sabor especiais a esta culinária. Há um baixo consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal e evita-se o consumo de produtos industrializados e doces, alimentos ricos em gordura e açúcar”, explica Andrea Santa Rosa Garcia.

Pedro Assed: “Pode ser adotada como estilo de vida. Dieta amiga do coração. O objetivo dela é a longevidade e a prevenção de doenças crônicas”.

Andrea Santa Rosa Garcia: “A dieta mediterrânea possui alimentos fonte de vitaminas, minerais, ácidos graxos mono e poliinsaturados, fibras e antioxidantes. Além disso, possui como vantagem o baixo consumo de alimentos ricos em gordura saturada, como as carnes vermelhas e produtos lácteos gordurosos. Diminuindo, assim, o risco de doenças crônicas não transmissíveis e aumentando a longevidade. Não há desvantagens, visto que é uma dieta de baixo índice glicêmico e anti-inflamatória, ideal para ser seguida nos dias atuais”.

5) Dieta dos Pontos

Baseada em um sistema de pontos, em que alimentos pouco saudáveis teriam pontuação alta e alimentos saudáveis, pontuação baixa. Cada pessoa recebe uma quantidade de pontos que pode consumir por dia, levando em conta altura, peso, idade etc. “Os pontos adotados pelo Vigilantes do Peso são identificados como ProPontos, que levam em conta o teor de proteínas, carboidratos, gorduras e fibras, e não somente as calorias. Os alimentos com menos unidades ProPontos são aqueles com proteínas de alto valor biológico, os carboidratos integrais, as gorduras saudáveis e aqueles com maior teor de fibras alimentares”, explica Sônia Almeida, nutricionista da empresa. O grupo seguiu a tendência de mercado e também lançou um aplicativo em 2014, com versão para computadores também.

Pedro Assed: “Funciona com um esquema de pontuação para cada grupo de alimentos, voltada para perda de peso. Provou proporcionar uma perda de peso sustentável. Programa conhecido mundialmente, que funciona. Mas assim que a pessoa atinge seu objetivo, ganha mais liberdade para comer, fazendo apenas o acompanhamento que ajuda a manter o peso conquistado”.

Andrea Santa Rosa Garcia: “Leva em consideração apenas a quantidade de calorias, sem levar em conta a qualidade, a densidade nutritiva dos alimentos. Isso é de extrema importância, visto que cada vez mais há um aumento no consumo de fast- food e produtos industrializados, que recebem adição de produtos químicos, gordura trans e hidrogenada, além do sódio, os principais agentes do surgimento de doenças cardiovasculares e obesidade”.