3 motivos que facilitam a lesão na atividade física


O fisioterapeuta que trabalha com praticantes de atividade física deve estar atento, principalmente a características próprias que cada atividade tem. Em cima dessa atividade, há pelo menos três motivos que levam a lesões em diferentes partes do corpo. 

Uma lesão causada pela prática da atividade física pode acontecer por métodos de treino incorretos, por alterações estruturais que forçam certas partes do corpo mais do que outras e fraqueza dos músculos, tendões e ligamentos. O desgaste crônico é a causa de muitas destas lesões, que são resultado de movimentos repentinos que afetam essas estruturas. 

Vamos falar de cada motivo separadamente:

Métodos de treino incorretos

A maior parte das lesões musculares e articulares devem-se a métodos de treino incorretos. A pessoa não permite uma recuperação adequada ao fim de um período de treino, ou então não interrompe o exercício quando aparece a dor.

Sempre que os músculos são forçados num treino intensivo, algumas fibras musculares se lesionam  e outras consomem a energia disponível que foi armazenada sob a forma de glicogênio. São necessários pelo menos dois dias para que as fibras sarem e para substituir o glicogênio. Como só as fibras não lesionadas e adequadamente alimentadas funcionam de modo apropriado, os períodos de treino intensivo muito seguidos exigem, enfim, um trabalho comparável por parte de uma menor quantidade de fibras sãs, aumentando a probabilidade de lesões. Portanto, uma forma de prevenir as lesões crônicas é deixar um intervalo de pelo menos 2 dias entre os períodos de treino intensivo, ou alternando os que forçam diferentes partes do corpo. Muitos programas de treino alternam um dia de treino intensivo com um de repouso   (como fazem muitos levantadores de pesos) ou com um dia de treino rápido. No caso de um corredor, por exemplo, este pode correr a um ritmo de 5 minutos/1,5 km um dia e a um ritmo de 6 a 8 minutos/1,5 km no dia seguinte. Se um atleta treinar duas vezes por dia, cada exercício intenso deve ser seguido de pelo menos de 3 exercícios menos enérgicos. Só os nadadores podem praticar todos os dias ambos os treinos, o enérgico e o ligeiro, sem se lesionar. A força de ascensão da água ajuda-os a proteger os seus músculos e articulações.

A dor que precede muitas lesões por desgaste apresenta-se pela primeira vez quando um número limitado de fibras do músculo ou do tendão começam a se romper. Interromper o exercício ao primeiro sinal de dor limita a lesão a essas fibras, dando como resultado uma recuperação mais rápida. Continuar a fazer exercício enquanto se sente dor provoca a laceração de uma maior quantidade de fibras, estendendo a lesão e atrasando a recuperação.

Alterações estruturais

As alterações estruturais podem fazer com que uma pessoa seja propensa a uma lesão desportiva pelo esforço desigual de várias partes do corpo. Por exemplo, quando as pernas são desiguais em comprimento, exerce-se uma força maior sobre no quadril e o joelho da perna mais comprida. Habitualmente, correr pelos lados de caminhos com desníveis tem o mesmo efeito; pisar repetidamente com um pé a superfície um pouco mais elevada aumenta o risco de dor ou lesão nesse lado do corpo. A pessoa que tem uma curva exagerada da coluna vertebral pode sentir dor de costas quando faz girar um taco de basebol. Em geral, a dor desaparece quando se interrompe a atividade, mas volta sempre que se atinge a mesma intensidade de exercício.

O fator biomecânico que causa a maioria das lesões do pé, da perna e do qualdril é a pronação excessiva (uma rotação dos pés para dentro depois de entrar em contacto com o solo). Um certo grau de pronação é normal e evita as lesões, dado que ajuda a distribuir a força por todo o pé.

Contudo, a pronação excessiva pode causar dor no pé, no joelho e na perna. Em pessoas que têm uma pronação excessiva, os tornozelos são tão flexíveis que o arco dos pés toca o solo enquanto caminham ou correm, dando a aparência de pés chatos. Um corredor com pronação excessiva pode sofrer dores dos joelhos quando corre longas distâncias, por exemplo. 

O problema contrário, a fraca pronação, pode ocorrer nas pessoas que têm tornozelos rígidos. Nestas pessoas, o pé parece ter um arco muito elevado e não absorve bem o impacto, aumentando o risco de produzir pequenas fendas nos ossos dos pés e das pernas (fraturas por sobrecarga).

Debilidade de músculos, tendões e ligamentos

Os músculos, os tendões e os ligamentos fracos podem se romper quando são submetidos a esforços superiores à sua força intrínseca. Por exemplo, podem se lesionar se forem demasiado fracos ou rígidos para o exercício que se está a tentar praticar. As articulações são mais propensas às lesões quando os músculos e os ligamentos que as sustentam são fracos, como acontece depois de uma entorse. Os ossos enfraquecidos pela osteoporose são mais propensos a fratura.

Os exercícios de fortalecimento ajudam a prevenir as lesões. O exercício regular não aumenta nem reforça a musculatura de forma significativa. O único modo de fortalecer os músculos é exercitá-los contra uma maior resistência de forma progressiva, como praticar um desporto cada vez mais intenso, levantar pesos cada vez maiores, ou usar máquinas especiais de fortalecimento. Os exercícios de reabilitação para fortalecer os músculos e os tendões que já estão sãos fazem-se, geralmente, levantando ou pressionando contra elementos resistentes, em séries de 8 a 11 repetições, em dias alternados no máximo.

Acredito que com esses três motivos 'dominados', o fisioterapeuta tem uma chance enorme de ter sucesso num tratamento preventivo e curativo de pacientes que praticam atividade física. 

Fonte: Faça Fisioterapia 

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