Por Dr. André Felício, CRM 109.665, neurologista, doutorado pela
UNIFESP/SP, pós-doutorado pela University of British Columbia/Canadá, e
médico pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein/SP
O sono é uma etapa crítica para o corpo entrar em vigília, mas muitas
pessoas sofrem na hora de dormir. Imaginar um longo dia de trabalho pela
frente sem conseguir dormir adequadamente à noite é um problema que
afeta milhares de brasileiros todos os dias. Problemas de sono
interferem de maneira significativa na qualidade de vida e estão entre
as principais causas de baixa produtividade.
Dentre os vários
distúrbios do sono, a apneia é, sem dúvida, um dos mais comuns,
acometendo, principalmente, os homens. Trata-se de um distúrbio
obstrutivo do sono no qual há um aumento da resistência nas vias aéreas
superiores que determina dificuldade à passagem de ar durante o sono,
período em que há maior flacidez do arcabouço das vias respiratórias
superiores. A consequência é a apneia (pausas respiratórias), ronco e
falta de oxigênio transitória no sangue (hipoxemia).
Algo
importante de se observar é que, muitas vezes, a “pista” para a apneia
do sono não vem do ronco em si, principalmente se o indivíduo não tem um
companheiro de cama. Nestes casos, é preciso ficar atento para outros
sintomas como sonolência excessiva diurna, falta de concentração, mau
humor e hipertensão arterial.
O que provoca o ronco é a
flacidez durante o sono de algumas estruturas como palato mole e úvula,
composição óssea da face, pescoço, boca e sua abertura, que dificultam a
passagem de ar, e aumento do tecido gorduroso visceral, principalmente
no abdômen. Mas vale lembrar que nem todas as pessoas que roncam têm
apneia. Há roncadores sem apneia, aqueles que têm somente resistência
aumentada nas vias aéreas superiores à passagem de ar durante o sono. No
entanto, estes indivíduos têm maior risco de desenvolver apneia.
O tratamento para a apneia consiste em perda de peso, cirurgias
otorrinolaringológicas, uso de aparelhos intra-orais e o uso de máscaras
com pressão contínua de oxigênio (CPAP). A cirurgia é indicada em
situações específicas como crianças e adolescentes roncadores e com
grandes adenoides/tonsilas, mal formações crânio-faciais ou quando o
tratamento com aparelho intra-oral ou CPAP não é tolerado ou não
funciona.
Enfim, é preciso ficar atento com a apneia do sono e entender que suas consequências vão muito além de uma noite mal dormida.
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APNEIA DO SONO: SERÁ QUE VOCÊ SOFRE DISSO?