Consumir azeite de oliva e nozes ajuda no bom funcionamento do cérebro de idosos


Pesquisadores espanhóis mostraram que comer mais azeite e nozes, dois alimentos ricos em gordura vegetal e base da dieta mediterrânea, permite aumentar o desempenho do cérebro em idosos, uma vez que o cérebro precisa de gorduras boas para o bom funcionamento dos neurônios. Com um suplemento de azeite ou de nozes é possível retardar o declínio cognitivo em idosos, como observado pelo principal autor do estudo, Dr. Emilio Ros do Hospital Clínico de Barcelona.

Estudos anteriores demonstram que os oxidantes são prejudiciais para o cérebro e, em particular, promovem demências, tais como a doença de Alzheimer. Estudos mostraram que a inclusão da dieta mediterrânea, rica em substâncias antioxidantes, pode adiar o declínio cognitivo, mas os pesquisadores espanhóis não tinham evidência clínicas para comprovar tal fato. A equipe médica do Dr. Ros testou se a dieta mediterrânea rica em óleos vegetais permitia melhorar o funcionamento do cérebro.

A dieta mediterrânica

A dieta mediterrânea é baseada no consumo regular e alto de frutas frescas e vegetais, grãos, sementes, nozes, peixes e azeite de oliva. Esta dieta inclui baixo consumo de carne vermelha. Cada vez para mais médicos e cientistas, esta é a melhor dieta a seguir para uma boa saúde.

O estudo em detalhe

Para realizar o estudo, os cientistas recrutaram catalães entre 2003 e 2009, sendo ao todo 447 voluntários (homens e mulheres) morando em Barcelona e sem nenhum comprometimento cognitivo, como demência. Entretanto, todos os participantes do estudo tinham um risco cardiovascular elevado. A idade média dos participantes foi de 67 anos. No início e no fim do estudo, cada participante teve de realizar uma avaliação neuropsicológica, sendo que ao final do estudo, o teste foi realizado em 334 de 447 participantes.

Três grupos

O estudo foi randomizado. Isto significa que, por sorteio, cada participante foi obrigado a seguir uma dieta mediterrânea suplementada com 1 litro de azeite de oliva extra-virgem por semana, 30 gramas de nozes (incluindo amêndoas) ou mais por dia, ou mais a seguir uma dieta normal, sem consumir mais azeite ou nozes. Neste último grupo, os cientistas recomendaram que eles não consumissem uma grande quantidade de gordura. Três grupos foram assim formados. Em média, os participantes seguiram esta dieta por 4 anos.

Resultados

Para uma população de idosos, os pesquisadores espanhóis chegaram à conclusão que adicionar à dieta habitual 1 litro de azeite por semana ou 30 gramas de nozes ajuda a melhorar as funções cognitivas do cérebro. Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores realizaram bateria de testes nos participantes, incluindo testes de memória e reflexão.

Este estudo foi publicado 11 de maio de 2015 na revista JAMA Internal Medicine. 

Ganho da bainha de mielina

Os neurônios são cercados pela bainha de mielina, que é rica em gordura e proteínas. A bainha de mielina protege os neurônios e promove a interação entre as células. O cérebro precisa de gordura que vem de alimentos para manter e assegurar o bom funcionamento destas bainhas. Estima-se que a maior parte dessa gordura é saudável, tal como o ácido oleico encontrado no azeite de oliva, e ajuda o cérebro funcionar bem. O ômega-3, encontrado em nozes e no peixe, também desempenha um papel importante na estrutura da bainha de mielina.

Nozes

Conselhos práticos de nutrição

Recomenda-se consumir todos os dias nozes e amêndoas ou cozinhar com azeite de oliva. Uma dica útil é substituir ao máximo a gordura pelo azeite

Questão ética

O problema com esse tipo de estudo é que, caso a dieta mediterrânea realmente proteja contra doenças cardiovasculares e demências, como a doença de Alzheimer, é eticamente questionável não recomendar que todos os participantes consumissem esses alimentos. Em outras palavras, os participantes do terceiro grupo (que não consumiram azeite ou nozes) irão, talvez, morrer de doença cardiovascular ou atualmente sofrem de Alzheimer. A realização deste tipo de estudo, portanto, não é tão fácil e pode levantar questões éticas por parte dos pesquisadores.

Fonte: R7-GriaSaude