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Áreas do cérebro responsáveis por comportamentos? Esqueça!

Existe uma área do cérebro especializada em cada atividade? Uma área específica para a experiência religiosa? Uma área onde reside a atenção?


Apesar de argumentações desse tipo ainda serem comuns nas publicações científicas, mais um estudo lança sérias dúvidas sobre essas ideias, mostrando porque o cérebro humano ainda é um ilustre desconhecido.

De quebra, o estudo lança novas bases para a interpretação das neuroimagens que, embora sejam muito úteis em exames físicos, estão fundamentando uma proliferação de estudos que buscam as bases da mente humana na fisiologia do cérebro.


Subtração cognitiva
Os experimentos de mapeamento cerebral tentam identificar funções cognitivas associadas com cada região cortical distinta. Eles geralmente dependem de um método conhecido como "subtração cognitiva".

No entanto, um olhar mais acurado nessa técnica revelou que um pressuposto básico adotado por ela - o pressuposto de que a ativação do cérebro deve-se a processos adicionais provocados pelo experimento - está errado.

"É uma premissa tão básica que poucos pesquisadores sequer pensaram em questionar isso," disse Anthony Jack, da Universidade Case Western (EUA). "No entanto, estudo após estudo têm produzido evidências de que ela é falsa."

Todos os experimentos de mapeamento do cérebro compartilham uma lógica básica. No tipo mais simples de experimento, os pesquisadores comparam a atividade do cérebro enquanto os participantes executam uma tarefa experimental e uma tarefa de controle.

Subtraindo a atividade gravada durante a tarefa de controle da atividade gravada durante a tarefa experimental, os pesquisadores tentam isolar os processos cognitivos distintos gerados pela atividade experimental, atribuindo-os então a áreas específicas do cérebro.

Anthony Jack e Benjamin Kubit (Universidade da Califórnia em Davis) desafiaram esse pressuposto fundamental do método de subtração cognitiva, e acabaram balançando as bases de uma teoria chamada Teoria da Rede de Atenção Ventral, uma das principais teorias da neurociência cognitiva - o problema é que toda essa teoria se baseia na subtração cognitiva.


Áreas do cérebro responsáveis por comportamentos? Esqueça!
A meditação reforça as conexões elétricas no cérebro inteiro, o que fornece outro indício experimental que reforça o trabalho agora publicado.


Adição cognitiva
A descoberta de Kubit e Jack é que duas redes opostas no cérebro trabalham de forma alternada.

Se os participantes de um estudo estão envolvidos em uma tarefa não-social, eles suprimem a atividade em uma rede conhecida como rede de modo padrão, ou RMP. No momento em que a tarefa é concluída, a atividade no RMP é retomada.

Por outro lado, se os participantes estão envolvidos em uma tarefa social, eles suprimem a atividade cerebral em uma segunda rede, conhecida como a rede tarefa-positiva, ou RTP. No momento em que a tarefa é concluída, a atividade na RTP é retomada.

O trabalho de um outro grupo de pesquisadores mostrou que a atividade em uma rede retorna mais forte quanto mais ela foi suprimida, de forma parecida com soltar uma mola comprimida.

"Está claro que esses aumentos na atividade não são devido a processos relacionados a tarefas adicionais," explica Jack. "Ao invés de uma subtração cognitiva, o que estamos vendo aqui é uma adição cognitiva - partes do cérebro fazem mais quanto menos a tarefa exige."


Frenologia
Uma série de grandes questionamentos às pesquisas baseadas em imageamento cerebral têm sido levantadas por psicólogos e filósofos. Uma das objeções mais comuns tem sido a tentativa de igualar o mapeamento do cérebro à frenologia, a teoria que estuda o caráter e as funções intelectuais humanas.

Por exemplo, a afirmação de que existe um "ponto Deus" no cérebro, onde estaria localizada a espiritualidade, não reflete uma compreensão madura da ciência, afirma Jack.

Áreas do cérebro responsáveis por comportamentos? Esqueça!
Outro estudo que já havia questionado a divisão do cérebro em áreas mostrou que estimular o cérebro inteiro com eletricidade acelera o aprendizado.


Os pesquisadores reconhecem que regiões cerebrais individuais têm funções mais gerais, e que os processos cognitivos específicos, como as experiências religiosas, são realizados por meio de interações entre as redes distribuídas, envolvendo várias regiões do cérebro.

"Só porque uma região do cérebro está envolvido em um processo cognitivo, por exemplo, que a junção tempoparietal direita está envolvida em experiências fora do corpo não significa que as experiências fora do corpo são as funções básicas da junção tempoparietal direita," explica o cientista. "É preciso olhar para todos os processos cognitivos que envolvem a região para ter uma ideia mais real de sua função básica."

Segundo o pesquisador, o mapeamento cerebral foi apenas a primeira fase dessa ciência.
"Estamos falando aqui sobre refinar a ciência," disse ele. "Não deve ser nenhuma surpresa que essa jornada envolva algumas correções de rumo. O ponto-chave é que estamos saindo do mapeamento cerebral para a identificação de constrangimentos neurais sobre a cognição que os psicólogos comportamentais não têm estudado."

Sobre questionar uma das teorias mais importantes no campo das neurociências, o pesquisador exemplifica afirmando que não é porque alguém critique a teoria de Darwin sobre a evolução que a própria evolução esteja sendo questionada.


  

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