Suplementação alimentar pode ajudar na regeneração da cartilagem?


Tratamentos de lesões cartilaginosas e da artrose do joelho têm sido grandes desafios para a medicina esportiva. Estudos científicos são pouco conclusivos e conflitantes

Tratamento de lesões cartilaginosas são um grande desafio para a medicina esportiva 

O tratamento das lesões cartilaginosas e da artrose do joelho tem sido um grande desafio para a medicina esportiva. Nos últimos anos, com a melhor compreensão da biologia e da cicatrização do tecido cartilaginoso, um grande arsenal terapêutico, envolvendo desde a fisioterapia e fortalecimento muscular, infiltrações e procedimentos cirúrgicos, tem sido desenvolvido. Nem todos com taxas de sucesso satisfatórias, principalmente entre atletas. 

O conceito da suplementação alimentar com medicamentos que auxiliariam na regeneração cartilaginosa é recente e tem grande fomento da indústria farmacêutica. Indiscutivelmente, pelo fato de estes produtos terem pouquíssimas contraindicações e efeitos colaterais, são altamente atrativos. 

Apesar dos estudos científicos pouco conclusivos e conflitantes, estes produtos (diascereina, glicosamina, condroitina e colágeno hidrolisado) são lançados no mercado a preços ridiculamente elevados e sob propaganda de que seriam revolucionários no tratamento da condromalacia e artrose.  

Os sulfatos de glucosamina e condroitina, utilizados separadamente ou em conjunto, estão entre os suplementos mais populares. Eles são amino-açúcares produzidos naturalmente no corpo, e a sua produção diminui com o envelhecimento (quando as pessoas mais precisam). Sua suplementação desempenharia um papel importante na formação, manutenção e reparação de cartilagem e outros tecidos do corpo. Mas eles realmente funcionam? 

A revista American Family Physician publicou recentemente um artigo sobre o uso de suplementos alimentares na osteoartrite. Eles deram uma nota "B" quanto à evidência científica para ambos. Isto significa que, baseado em estudos de seguimento a longo prazo, haveria redução modesta de sintomas da osteoartrite, possivelmente, retardando a progressão da doença. 

Um estudo intrigante de 2004, no qual metade dos voluntários tomou glicosamina e a outra metade ingeriu placebo, reportou melhoria de sintomas, mas não houve diferença no resultado entre os grupos. Outro estudo publicado na revista New England Journal of Medicine, no qual foram administrados glucosamina, condroitina, glucosamina e condroitina em conjunto, um anti-inflamatório e um placebo, teve como surpreendente resultado maior taxa de melhoria de sintomas no grupo onde o placebo foi administrado. 
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Suplementação alimentar só deve ser feita sob orientação médica 

Em outro estudo publicado em 2010 na revista Annals of Rheumatic Diseases, houve melhoria de sintomas em pessoas que suplementaram suas dietas com glicosamina, porém com resultados inferiores àqueles que usaram anti-inflamatórios e placebo. 

Portanto, apesar do apelo comercial, a evidência existente na atualidade é compatível com a hipótese de que a glucosamina e a condroitina, quando administradas a longo prazo, possuem o mesmo efeito do placebo. Seu uso, portanto deve ser mais racionalizado, com cuidado especial a diabéticos e pessoas com problemas gastrointestinais, como a gastrite e síndrome do intestino irritável. Para os que acreditarem e optarem por seu uso, devem ter em mente que o uso nunca deve ser isolado, mas sempre associado à reabilitação e sob orientação médica. 

Estudos futuros devem focar na capacidade destes medicamentos de modificarem o curso das doenças cartilaginosas e no efeito a longo prazo na prevenção destas lesões em quem pratica esportes com regularidade. 

Fonte: Globoesporte/Saúde

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