FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL - TRÊS FILTROS PARA AJUDAR A ESCOLHER UMA FORMAÇÃO NA ESPECIALIDADE.

CUIDADO, NEM TUDO QUE RELUZ É OURO!
MUITO DO QUE DIZEM SER NOVO, NA VERDADE É MUITO ANTIGO.


Por: Solange Canavarro
(Presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional - ABRAFIN).
Com a revisão e aprovação da Comissão  Científica da ABRAFIN.
 Revista FisioBrasil Ed. 114 - 2013/2014

Vivemos um momento em que o conhecimento vem ao nosso encontro de forma tão avassaladora que muitas vezes é difícil separar, dentre as informações que nos chegam, aquelas que são realmente confiáveis e relevantes.
A história da Fisioterapia, especialmente a da Fisioterapia Neurofuncional, é repleta de teorias que se transformaram em linhas de intervenção sem necessariamente ter sua eficácia comprovada por estudos experimentais e ensaios clínicos. O empirismo tem sido a maior fonte de métodos e técnicas utilizadas na prática fisioterapêutica.
A rigor, é preciso salientar que o simples fato de não ter sua eficácia cientificamente comprovada, não significa que uma determinada abordagem não seja benéfica ao paciente. No entanto, a cada dia se torna mais importante responder às seguintes perguntas:

  1. 1)      Por que a abordagem é benéfica?
  2. 2)      A abordagem é mais benéfica que a tradicional? Por quê?
  3. 3)      Quais características da abordagem a tornam tão eficaz? O que justifica a sua eficácia?
  4. 4)      Essa é a melhor abordagem para tratar uma determinada condição? Por quê?


Tais perguntas devem ser feitas por nós, fisioterapeutas, todos os dias antes de acreditarmos piamente nos anúncios de novos e revolucionários métodos e de pagarmos preços, muitas vezes exorbitantes, por uma determinada formação.

Nossos jovens colegas, muitas vezes egressos de uma graduação distante da realidade, chegam ao mercado de trabalho se sentindo despreparados para atuar. Sendo assim, encontram nas formações em “novas abordagens”, o alívio para sua angústia e incerteza profissional.

Diante da ausência de evidências científicas que garantam e quantifiquem a eficácia de grande parte dos métodos e técnicas utilizados em Fisioterapia Neurofuncional, como fazer para saber qual formação fazer, qual caminho trilhar?

Abaixo, são apresentados três filtros que podem ajudar a separar o joio do trigo, facilitando a opção de jovens profissionais pela formação em abordagens mais embasadas cientificamente, evitando assim, que percam tempo, dinheiro e dedicação em aprender métodos e técnicas calcados em mitos e teorias do passado que pouco ou nenhum benefício trarão aos usuários da Fisioterapia Neurofuncional.

1º Filtro: Se a abordagem se diz inovadora, é preciso saber o que a faz ser inovadora. É muito frequente ver intervenções chamadas inovadoras serem apenas releituras de técnicas utilizadas no passado ou simples misturas de duas ou mais técnicas utilizadas no presente.

2º Filtro: É preciso saber se a abordagem proposta é mais eficaz que a tradicional e por quê. Vale avaliar também a relação custo-benefício, ou seja, o investimento na formação vale o benefício que trará aos pacientes que tratarei com a técnica?

3º Filtro: Sabedores de que é responsabilidade do fisioterapeuta direcionar o processo plástico pós-lesão do sistema nervoso central/periférico para a recuperação da função sensório-motora, é preciso perguntar: como essa nova abordagem facilita o direcionamento desse processo plástico e por quê?


Todo fisioterapeuta deve saber que a maioria das lesões, com exceção daquelas de caráter progressivo, apresenta algum grau de recuperação espontânea, ou seja, que não é secundária à intervenção terapêutica.

A melhora dos pacientes pode se justificar por diversos fatores, dentre os quais se destacam:

  1. 1)      Recuperação espontânea.
  2. 2)      Vontade de melhorar.
  3. 3)      Efeito placebo (crença de que está sendo tratado).
  4. 4)      Intervenção terapêutica.


Como visto acima, é importante compreender que nem sempre a melhora do paciente se deve à intervenção terapêutica e, diante disso, é preciso que busquemos intervir de forma cada vez mais baseada em evidências de forma a que possamos melhor determinar o verdadeiro efeito de nossa intervenção.

A escolha de métodos/técnicas/recursos fisioterapêuticos deve ser baseada em evidências científicas para respaldar as práticas do fisioterapeuta neurofuncional. Para tanto, existem alguns bancos de dados eletrônicos que permitem consulta de artigos científicos para confirmar ou não se a adoção do método/técnica/recurso fisioterapêutico é eficaz na práxis profissional.

Alguns bancos de dados eletrônicos reconhecidos e difundidos na área da saúde são: PubMed (www.ncbi.nlm.nih.gov), LILACS (http://lilacs.bvsalud.org/), Scielo (www.scielo.br). Nesses sítios eletrônicos é necessário o uso de combinação de palavras-chave para a busca ativa de artigos científicos que poderá auxiliar o fisioterapeuta neurofuncional na tomada de decisão terapêutica. Além dos bancos de dados eletrônicos temos os portais BIREME (www.bireme.br) e PEDro (www.pedro.org.au) que permitem busca de resumos de artigos e encaminha para diversos bancos de dados eletrônicos.

Somente dessa forma, a ciência Fisioterapia Neurofuncional poderá evoluir progressivamente, através das melhores práticas, para promover mudanças qualitativas e quantitativas significantes que terão impacto em toda a sociedade, minimizando assim, o sofrimento de muitos indivíduos.





A COMISSÃO CIENTÍFICA DA ABRAFIN
A Comissão Científica da ABRAFIN é um órgão de assessoria da Diretoria, coordenado pelo Diretor Científico da ABRAFIN. Tem por missão analisar, dar pareceres e tomar posições a respeito de diversas questões à luz das evidências científicas, sempre que solicitado pela Diretoria.
Essa comissão é composta por alguns dos mais importantes nomes da pesquisa científica brasileira na área da Fisioterapia Neurofuncional. Conheça seus integrantes:
1.       Abrahão Fontes Baptista (UFBa), PhD         http://lattes.cnpq.br/3079253830583385
2.       Ana Cristina Machado Leão (INCA), PhD       http://lattes.cnpq.br/2999925253970865
3.       Augusto Cesinando de Carvalho (UNESP), PhD       http://lattes.cnpq.br/5919252907988514
4.       Carla Trevisan M. Ribeiro (IFF/FioCruz), PhD       http://lattes.cnpq.br/6671065550648670
5.       Clynton Lourenço Correa (UFRJ), PhD         http://lattes.cnpq.br/4816882323293632
6.       Cristiane S. N. Baez Garcia (IFRJ), PhD         http://lattes.cnpq.br/3869893337542048
7.       Cristina dos Santos C. de Sá (USP), PhD                    http://lattes.cnpq.br/9259523998158401
8.       Doralucia Pedrosa de Araujo (UEPB), PhD       http://lattes.cnpq.br/0119154065124755
9.       Edison Sanfelice André (FURB), PhD            http://lattes.cnpq.br/6432488452017642
10.    Erika de Carvalho Rodrigues (UNISUAM), PhD       http://lattes.cnpq.br/5100534432082982
11.    Fatima V. Rodrigues de Paula (UFMG), PhD        http://lattes.cnpq.br/3172824242930935
12.    Katia Karina do Monte Silva (UFPE), PhD         http://lattes.cnpq.br/1081515399161086
13.    Laura Alice S. de Oliveira (UNISUAM), PhD       http://lattes.cnpq.br/8642128462270383
14.    Lívia Dumont Facchinetti (FioCruz), MSc            http://lattes.cnpq.br/5164279246219305
15.    Miriam R. Calheiros de Sá (IFF/FioCruz), PhD       http://lattes.cnpq.br/2235642043560899
16.    Sheila Schneiberg V. Dias (UFS), PhD           http://lattes.cnpq.br/3154117839067249
17.    Sibele de Andrade Melo (UNICENTRO), PhD       http://lattes.cnpq.br/5773116892337620
18.    Sissy Veloso Fontes (UNIFESP), PhD              http://lattes.cnpq.br/3143613641368863
19.   Wilma Costa Souza (UGF), PhD                     http://lattes.cnpq.br/3435434761711692


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