Um alerta chamado “Dor”


"Pessoas com alto nível de estresse são mais sensíveis para enfrentar o problema."

Quem nunca tomou um analgésico, para acabar com uma dor de cabeça ou dor no corpo? Segundo dados da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), 30% da população brasileira sofre de algum tipo de dor.

De acordo com a médica anestesiologista e especialista em dor do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), Cristina Martins, todas as pessoas podem apresentar desconfortos, que segundo ela é normal. O problema é quando a situação se repete. “A dor é sempre um sinal de alerta, principalmente se for de forte intensidade, muito frequente, sem melhora com analgésicos simples, ou acompanhada de outros sintomas, como febre e emagrecimento”, orienta.

Existem dois tipos de dor - a dor aguda, que pode durar dias ou semanas, e funciona como um sinal de alerta para o organismo; e a crônica, que persiste por mais de três meses.

Na ânsia de se livrar a qualquer custo da sensação dolorosa, a automedicação é cada vez mais comum entre os brasileiros. A grande maioria recorre a medicamentos que aliviam temporariamente os sintomas, mas podem ser prejudiciais. “A automedicação na presença dos sinais de alerta é um grande risco, na medida que retarda o tratamento correto para a doença”, diz a médica.

Segundo a especialista, hábitos diários, como o sedentarismo e a falta de descanso, são os que mais influenciam o seu surgimento. Dores na coluna, pescoço, nos ombros, cabeça, articulares, tensional e do aparelho digestivo e urinário, são as mais comuns em consultórios médicos.


Dor e sensibilidade

Quando o corpo sente dor, as vias de dor, informam o cérebro , passam no centro das emoções antes de chegar ao córtex – área do cérebro que dá a percepção da dor , e são reguladas pelas emoções. “Emoções positivas e sensação de bem-estar, reduzem esta sensibilidade”, afirma a médica. É por isso que pessoas com estresse, que sofrem com transtornos de ansiedade e depressão, são as que possuem maior sensibilidade.

Pacientes que apresentam dor há muito tempo, também são considerados mais sensíveis. “Quanto mais dor sentimos, mais vias de dor nosso sistema nervoso é ativada e desenvolvida para conduzir a esta sensação”, afirma a médica. Por isso a especialista explica que ninguém fica forte ou resiste a dor. “Isto é um mito”, ressalta.

Já quando se fala na diferença de resistência entre homens e mulheres, o assunto ainda é polêmico. Embora as dores do parto e as cólicas menstruais sejam argumentos das mulheres para afirmar que elas são mais resistentes do que eles quando o assunto é dor, ainda não existe uma conclusão. Estudos dizem que os principais fatores responsáveis pela intensidade das dores, são as cargas culturais e genéticas. “Em nossa sociedade culturalmente o homem deve ser mais forte, e tradicionalmente as mulheres cuidam melhor de sua saúde. Talvez esses fatores sejam responsáveis pela maior presença das mulheres nas clínicas de dor”, diz a médica.

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