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Acupuntura pode tratar úlcera e falta de ar


A maneira como a medicina tradicional chinesa explica a eficácia da acupuntura pode até estar errada, mas pesquisadores brasileiros acabam de encontrar uma série de evidências sobre a capacidade da técnica de enfrentar doenças. Dados em animais e humanos sugerem que a acupuntura toma partido da ação de um mensageiro químico das células nervosas para funcionar. 

Os estudos, feitos por uma equipe da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), se referem a problemas de saúde para os quais ainda havia poucas evidências da ação das agulhas: gastrite, úlcera gástrica e apnéia (dificuldade de respiração) durante o sono. Segundo os pesquisadores, a acupuntura parece estimular a produção de serotonina --um neurotransmissor que modula a ação do sistema nervoso, velho suspeito de estar ligado à eficácia desse tratamento milenar. 

"Os resultados realmente parecem ser bem promissores", disse à Folha a médica Anaflávia de Oliveira Freire, do Departamento de Fisiologia e Psicobiologia da Unifesp, uma das autoras dos estudos. O trabalho da equipe foi divulgado na edição do mês passado da revista "Pesquisa Fapesp" (revistapesquisa.fapesp.br), publicação editada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. 

Úlcera induzida 

Segundo a médica, um dos objetivos do estudo era criar condições bem controladas, em laboratório, nas quais fosse possível isolar a ação da acupuntura de outros fatores. "Nós escolhemos um modelo gastrointestinal que é bem conhecido em ratos", conta Freire. Os animais receberam indometacina, fármaco que leva à formação de úlceras no estômago. Depois, foram tratados com duas abordagens distintas que envolvem a acupuntura. 

Uma delas, a moxibustão ou moxa, consiste em aplicar um bastão em brasa de folhas de artemísia (planta usada na medicina tradicional chinesa) sobre os pontos estratégicos do corpo que, segundo a teoria oriental, são responsáveis pela ação curativa da acupuntura. Outros animais receberam as agulhas propriamente ditas nesses pontos (no abdômen e na lateral das patas). 

Para quem estranha o fato de que os pontos estimulados tradicionalmente pela técnica tenham correspondência em animais, a médica diz que é possível usar certas medidas das proporções dos ossos para saber onde "picar" ratos ou outros mamíferos. Para completar o controle do experimento, alguns bichos tiveram pontos falsos (não correspondentes aos usados pelos acupunturistas) estimulados, enquanto outros não foram tratados. 

Após as sessões, os resultados de cada grupo foram comparados e a equipe, formada também pelo orientador de doutorado de Freire, Luiz Eugenio Mello, e por Ysao Yamamura, verificou que tanto a moxa quanto a acupuntura "clássica" reduziram significativamente o problema: as lesões no estômago eram quatro vezes menos numerosas nos bichos que foram tratados. A hipótese da equipe era que o neurotransmissor serotonina, liberado pela acupuntura, aumentava os movimentos do estômago e ajudava a expulsar a indometacina mais rápido do organismo dos roedores. 

Foi o que a equipe verificou, em trabalhos realizados por Gisele Sugai e Angela Tabosa. Quando uma substância que inibe a ação da serotonina foi dada aos animais, nada feito: as agulhas não ajudaram os bichos. 

A eficácia da técnica também foi examinada em pacientes que sofriam de apnéia do sono, interrupções noturnas de até dez segundos na respiração. Nesse caso, o uso dos pontos "certos" se mostrou tão eficaz quanto o de um aparelho de pressão positiva que os doentes normalmente usam. Análises do sangue dos pacientes estão em curso e deverão confirmar de vez o papel da serotonina nos efeitos da acupuntura. 

Apesar desses dados e de outras evidências parecidas obtidas por outros grupos de pesquisa, muitos pesquisadores ainda discutem se a técnica é realmente capaz de atuar sobre o sistema nervoso de maneira a aliviar enfermidades. "Acho que precisamos de mais testes clínicos, feitos com desenho experimental cuidadoso, porque os dados vindos de animais já são bastante numerosos e confiáveis", afirma a médica.

Fonte: RevistaFisioBrasil

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