Espasmo muscular é o mesmo que contratura?

Espasmos x Contraturas

Por Henrique Alves


Nos meus idos de faculdade sempre ficava uma dúvida, até que um professor sentou com a turma e nos explicou simplificadamente que espasmo não envolvia ruptura de estruturas do músculo, e que contratura é um estado doloroso provocado no músculo ao se movimentar numa excursão não usual uma determinada articulação, obviamente por falta de alongamento. Este estado de contratura (encurtamento), pode persistir ao longo da vida e evoluir para quadros de encurtamentos funcionais (Cailliet).

Segue então importante texto colhido da internet.

Lesões Musculares 

Trabalho realizado por: Patrícia de Carvalho Salles 
Aluna da Universidade Salgado de Oliveira 


Introdução


O músculo esquelético é dividido em dois tipos de fibras, dependendo de sua atividade metabólica e sua função mecânica. As fibras tipo 1, conhecidas como vermelhas, lentas, têm baixa velocidade de contração e grande força de contração. Elas funcionam aerobicamente e são resistentes à fadiga. As fibras tipo 2, conhecidas como fibras rápidas ou brancas, são subdivididas em dois tipos, de acordo com seu nível de atividade metabólica. Ambos os tipos são fibras de contração rápida e têm elevadas força e velocidade de contração. Acredita-se que a proporção de fibras tipo 1 e 2 nos indivíduos sejam definidas geneticamente, com pouca capacidade de interconversão de um tipo a outro. Já a interconversão entre os tipos 2, A e B, é muito mais comum, dependendo do tipo de treinamento atlético.

Prevenção de lesões musculares


As lesões musculares podem ser evitadas através de um bom condicionamento físico, aeróbico, trabalhando a força muscular adequadamente e mantendo um bom alongamento da musculatura esquelética.

Mecanismos de Lesão Muscular


As lesões musculares podem ocorrer por diversos mecanismos, seja por trauma direto, laceração ou isquemia. Após a lesão, inicia-se a regeneração muscular, com uma reação inflamatória, entre 6 e 24 horas após o trauma. O processo de cicatrização inicia-se cerca de três dias após a lesão, com estabilização em duas semanas. A restauração completa pode levar de 15 a 60 dias para se concretizar.As principais causas de lesão são o treinamento físico inadequado, a retração muscular acentuada, desidratação, nutrição inadequada e a temperatura ambiente desfavorável.As lesões musculares podem ser classificadas em quatro graus: grau 1 é uma lesão com ruptura de poucas fibras musculares, mantendo-se intacta a fáscia muscular; grau 2 é uma lesão de um moderado número de fibras, também com a fáscia muscular intacta; lesão grau 3 é a lesão de muitas fibras acompanhada de lesão parcial da fáscia; grau 4 é a lesão completa do músculo e da fáscia (ou seja, ruptura da junção músculo-tendínea. O lesão muscular por estiramento pode ocorrer nas contrações concêntricas ou excêntricas, sendo muito mais comum nesta última, com a falha freqüentemente ocorrendo na junção miotendínea.

Diagnóstico


O diagnóstico é realizado pelo exame clínico, em que se percebe a nítida impotência funcional e pelos exames complementares que podem auxiliar também no tratamento e na prevenção de novas lesões. Exames laboratoriais, como de Sódio, Potássio, Cálcio, Fosfato, Magnésio, VHS, podem ser úteis em determinadas situações, a critério do médico. Na suspeita de uma doença da tireóide, em que podem ocorrer lesões musculares de repetição, pode se solicitar exames de marcadores desta glândula. Na suspeita de lesões ósseas, como avulsões, os exames radiográficos podem ser úteis.A Ultrassonografia, a Tomografia e a Ressonância Magnética também podem ser consideradas para auxiliar no diagnóstico e tratamento, tendo em vista que a correta localização anatômica da lesão é fundamental para o tratamento e previsão de retorno ao esporte.

Tratamento


A imobilização do músculo após a lesão, como em qualquer outro tecido, pode levar a atrofia e portanto deve ser evitada. A perda de massa muscular ocorre rapidamente e depois tende a estabilizar e a perda de força ocorre simultaneamente. A resistência à fadiga diminui rapidamente. Já a mobilização precoce aumenta a resistência das fibras à tensão, melhora a orientação das fibras e mantém uma adequada vascularização do músculo, evitando a atrofia muscular.Deve-se instituir de imediato a aplicação de gelo local, repouso relativo e medicações anti-inflamatórias. Após dois a três dias inicia-se então o tratamento fisioterápico, com ênfase na mobilidade e fortalecimento muscular e melhoria da resistência. A seguir trabalha-se a propriocepção e o condicionamento geral do atleta, inclusive aeróbico e o retorno gradativo às atividades, com liberação completa ao esporte quando o atleta se encontrar nas mesmas condições pré-lesão e sentir segurança para retornar. Para o retorno do atleta à atividade, este deve possuir uma amplitude de movimento articular normal, estar completamente sem dor, edema ou derrame, com uma força muscular de no máximo 20% da normal e condicionamento cardio-respiratório normal

Principais Lesões do Esporte


A Tabela apresenta os resultados das citações de desportos, lesões e segmentos mais encontrados por ordem de importância, sendo observados os primeiros, segundos e terceiros mais citados. O primeiro desporto que destina maior número de atendimentos, por ordem de citação, foi o futebol, com 100,0% de indicação pelos médicos.No que diz respeito ao outros desportos observou-se que o voleibol ocupa o segundo lugar com 70,0% , a corrida com (20,0%) e a ginástica com (10,0%).


Tabela - Freqüência de citação do Desporto, Lesão e Segmento que destina maior número de atendimentos nas clínicas. 











O estudo com base na amostragem acima permitiu concluir que: o futebol, voleibol e basquetebol, são os desportos que mais levam o praticante às clínicas, tendo em comum a utilização da bola e o caráter coletivo. Sendo que o tornozelo é a região do corpo mais afetada e a entorse uma das lesões musculares esqueléticas mais freqüentes, ocorrendo nas quadras externas, pela falta de estrutura física, muscular e articular do praticante. E depois de diagnosticada a lesão é providencial que o indivíduo acometido busque técnicas de controle do problema e que, se necessário, procure os procedimentos cirúrgicos cada vez mais avançados.

Overtraining


Um indício prático de lesões musculares em atletas sob overtraining é a elevação das proteínas musculares no plasma (em geral, mioglobina, creatina cinase, lactato desidrogenase e fragmentos de miosina). Outro indicador observado é o comprometimento na restauração dos estoques musculares de glicogênio, uma vez que após o exercício sabe-se que o glicogênio é depletado e posteriormente ressintetizado, porém, em músculos lesionados, há uma diminuição na capacidade de captação da glicose sangüínea necessária à ressíntese de glicogênio no músculo. A queda dos estoques de glicogênio intramuscular está associada a quedas nas concentrações muscular e plasmática da glutamina, proteína essencial para os leucócitos desempenharem suas funções de destruição de bactérias e vírus. Por este motivo é que se diz que em overtraining o sistema imunológico fica debilitado.

O overtraining pode ser definido como sendo a condição na qual as pessoas apresentam baixo nível de desempenho, apesar do treinamento continuado ou até mesmo aumentado (Maughan, Gleeson e Greenhaff, 2000). A grande causa do estabelecimento do estado de overtraining é o excesso de exercício, conduzindo a uma resposta de estresse, intensificada pelo tempo insuficiente de recuperação entre os períodos de atividade. Segundo Lima (2001, citada por Arruda, 2002) os principais sintomas apresentados são o aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, a insônia, a irritabilidade e queda do sistema imunológico. Como conseqüências do overtraining, vários tipos de lesões músculoesqueléticas podem surgir, dentre as quais destacam-se os chamados microtraumas, que podem ser definidos como sendo traumas que não causam dor, edema ou impotência funcional, mas que, pela repetição excessiva de exercícios, produzem lesões no tecido muscular, surgindo, assim, as lesões causadas por overtraining. Devido ao seu caráter silencioso e a gravidade quer podem representar quando se manifestam clinicamente, são considerados o "câncer" da prática esportiva (Matsudo, 2002). Os principais exemplos de microtraumas disseminados no meio esportivo são as osteocondrites, fraturas por estresse, miosites, tendinites, rupturas parciais e rupturas totais de tendões.

Principais Lesões do Esporte a Nível Muscular


Ruptura Muscular:

É uma lesão de qualquer massa muscular, como consequência, em geral, de falta de sinergismo entre a atividade dos músculos agonistas e antagonistas, de uma contracção violenta do músculo sobrepondo-se à sua capacidade contráctil, ou, menos frequente, devida a uma contusão seguida de uma contracção violenta de defesa.

- A ruptura pode ser mais ou menos grave conforme a extensão de feixes afretados. 

- Considera-se que os factores a seguir mencionados predispõem para este tipo de lesões: Biótipo do desportista (os brevílineos musculares e tónicos são os mais afretados). Inactividade prolongada. Execução de exercícios intensos sem prévio e adequado aquecimento. Fadiga muscular. 

- Sinais: No momento em que se produz a ruptura, o lesionado sente uma dor intensa que abranda com o repouso e volta a aparecer quando se contrai novamente o músculo lesionado. Pouco tempo depois aparece um inchaço devido ao hematoma produzido, acompanhado de derrame sanguíneo (equimose). Tudo isso acarreta uma impotência, em maior ou menor grau, do músculo afretado. 

- Comportamento a seguir (Prevenção): Ter em atenção aos atletas com dores musculares localizadas. Começar, sempre, qualquer sessão ou competição com um aquecimento (geral e específico) adequado. Ter em atenção o aparecimento da fadiga muscular (diminuir a intensidade ou terminar os exercícios). 

- O que não se deve fazer: Aplicar calor ou massajar, sem que tenham passado 24-48 horas, pelo perigo de aumentar o derrame sanguíneo. Proibir a anestesia local e temporária com a finalidade do atleta continuar o exercício físico, pois poderá aumentar a ruptura. 

- O que se deve fazer: Repousar o músculo afretado. Aplicar compressas. Aplicar frio (bolsa de gelo) sobre o penso compressivo. Tomar anti-inflamatórios. 

Espasmo muscular

O espasmo muscular é uma resposta motora involuntária que pode estimular os receptores de dor constantemente e causar isquemia local; portanto, o espasmo tem sido associado a uma possível causa da dor muscular tardia; contudo, Bobbert, Hollander e Huijing (1986) não detectaram aumentos no sinal eletromiográfico (EMG) de repouso, apesar da dor muscular localizada. A presença de alterações na atividade eletromiográfica em repouso representaria a ocorrência de espasmos na musculatura que foi exercitada. Eles testaram 11 sujeitos, e horas após um protocolo de exercícios, envolvendo flexão plantar e flexão dorsal. Os resultados indicaram que não houve dor muscular induzida por espasmos, uma vez que o EMG não se alterou entre as condições de pré- e pós-exercício.

Foi sugerido que a formação de edema, mais do que a ocorrência de espasmos, foi responsável pelo aumento no volume da perna pós-exercício e na percepção de dor.

Conclusões similares foram obtidas por Friden, Sfakianos e Hargens (1986). Estes investigadores observaram uma pressão elevada causada por acúmulo de fluído intramuscular, o qual foi acompanhado por severa dor muscular após uma carga de exercícios excêntricos, executados com os membros inferiores. O ESPASMO MUSCULAR nada mais é que a contração exagerada e permanente de um músculo. O músculo contraído fica mais encurtado, mais "TRAVADO".


OBS: Outras Lesões no Esporte

Contratura muscular, distensão muscular, cãibra: muitas vezes nos confundimos com alguns termos utilizados no meio esportivo, relacionados a lesões. Vamos apresentar alguns conceitos básicos e dicas para reconhecê-las e socorrer vítimas.

Cãibra

É uma contração muscular involuntária e dolorosa, que ocorre mais freqüentemente nos membros. O ataque dura, em geral, alguns segundos e desaparece subitamente. Observa-se o endurecimento no grupo muscular afetado.

O que fazer?
Alongue vigorosamente o músculo que está com contratura. Nas cãibras fortes que deixam os músculos doloridos por um ou mais dias , procure orientação de um médico. Se os episódios se repetem com freqüência, mesmo sem atividade física, a origem pode ser metabólica, vascular ou neurológica e merece tratamento especializado.


Contratura muscular

É uma dor localizada num músculo longo, sem sinais de ruptura. Surge num músculo que não foi alongado antes do exercício ou por esforço muito grande, mas não o suficiente para romper as fibras. Não impede as atividades rotineiras, mas dificulta algumas atividades esportivas. Muitas vezes, ao tocar a região, é possível identificar um certo endurecimento muscular bem delimitado.

O que fazer?
Aplicações locais de gelo por 30 minutos, diminuir a atividade física do músculo atingido, fazer alongamentos não intensos e consultar seu médico.


Distensão muscular ou estiramento

É uma ruptura parcial do músculo. É caracterizada pelo "sinal da pedrada" em grande esforço ou velocidade, o paciente tem a sensação nítida de que recebeu uma pedrada. A dor e a incapacidade de usar o músculo são imediatas. Pode haver sangramento (hematoma). Comum nos músculos da batata da perna (gêmeos), da coxa (quadríceps, bíceps femural e adutores da coxa), e do braço (bíceps e tríceps).

O que fazer?
Aplicar gelo por 30 minutos, elevar o membro lesado, suspender a atividade física e procurar seu médico. 



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Distensão ou estiramento muscular)

Distensão: Exemplo de distensão muscular
Classificação e recursos externos: CID-10 M62.6, T14.3 CID-9 848.9 MeSH D013180

Uma distensão ou estiramento muscular, caracteriza-se por um rompimento parcial ou completo de fibras ou feixes musculares, resultante de um esforço extremo realizado pelo músculo em questão.1 Junto com os feixes, são rompidos também capilares sanguíneos, resultando numa infiltração de sangue no local da lesão, formando posteriormente um coágulo. Em casos graves, onde muitos feixes são rompidos, o músculo pode sofrer uma ruptura muscular. As distensões são mais facilmente reconhecidas que as contraturas musculares, uma vez que a dor causada pela ruptura dos feixes é imediata, impossibilitando a continuidade do exercício.
Estrutura de um músculo esquelético e suas membranas de tecido conjuntivo.

Diagnóstico


O diagnóstico imediato é simples devido aos sintomas singulares, porém o nível da lesão só pode ser mensurado com exatidão através de uma ultrassom de partes moles, onde os coágulos serão identificados. Outra forma de diagnóstico é o exame sanguíneo, onde os níveis da enzima CPK (creatinofosfoquinase) indicarão se há ou não uma lesão não identificada pelos outros métodos.

Tratamento


No caso de distensões musculares, recomenda-se procurar um médico ortopedista/ desportivo ou fisioterapeuta imediatamente após o ocorrido. Porém, como medida emergencial depois da lesão, gelo deve ser aplicado por cerca de 15 minutos, a fim de se evitar que a lesão tome maiores proporções com uma maior infiltração de sangue no músculo afetado.

O tratamento será inicialmente feito com medicamentos para dissolver os coágulos no músculo e cicatrizar suas fibras. O mesmo segue com fisioterapia, onde terapêuticas com ultrassom e laser são combinadas com alongamentos específicos visando recuperar as funções do músculo machucado. Yoga, pilates ou musculação são utilizados posteriormente para promover o fortalecimento do músculo afetado, evitando novas lesões.

O retorno à prática desportiva é mais lento que nos casos de contratura, variando amplamente com o nível da lesão, e deve ser feito com bastante cautela.

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