Os desafios da nova sociedade idosa




Tecnologia e equipamentos podem ajudar idosos com baixa visão ou visão subnormal a manter sua independência

  

Baixa visão e cegueira são problemas muito mais delicados do que podemos imaginar, à primeira vista. Além das consequências profissionais e sociais da perda da visão, há custos médicos importantes. E não menos importantes são as lesões devido às quedas

 

 O envelhecimento da população representa um desafio para os sistemas de saúde no mundo todo. No Brasil, uma projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a quantidade de pessoas acima de 65 anos vai praticamente quadruplicar até 2060. A população com essa faixa etária é de 14,9 milhões de pessoas (7,4% do total) e chegará a 58,4 milhões (26,7%). A cada dia, nos Estados Unidos, aproximadamente 10.000 americanos completam  65 anos de idade, e um em cada seis adultos tem uma deficiência visual que não pode ser corrigida com óculos ou lentes de contato.

 

“A partir dos 40 anos de idade, a visão começa a dar sinais de cansaço... É o que os oftalmologistas chamam de presbiopia. Isto sem falar na pressão intraocular, que pode elevar-se e favorecer o aparecimento do glaucoma. Por volta dos 60 anos, a catarata também se torna uma ameaça ao bem estar e à autonomia do indivíduo. A retina também começa a apresentar sinais de envelhecimento e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) pode aparecer a partir da sexta década de vida, trazendo consigo também a baixa visão”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

 

Problemas de visão podem levar à perda de emprego, dificuldades sociais e custos com quedas e acidentes. E apesar dos exames oftalmológicos de rotina ajudarem a detectar os primeiros sinais de perda de visão e a evitarem a progressão de algumas doenças oculares, são poucos os adultos que efetivamente fazem suas consultas anuais.

 

“Baixa visão e cegueira são problemas muito mais delicados do que podemos imaginar, à primeira vista. Além das consequências profissionais e sociais da perda da visão, há custos médicos importantes. E não menos importantes são as lesões devido às quedas. A baixa visão é responsável por cerca de 18% das fraturas de quadris”, afirma o  oftalmologista Juan Caballero, (CRM-SP 63.017), que também integra o corpo clínico do IMO.

 

Convivendo com a baixa visão

 

Estima-se que 2,9 milhões de americanos tenham baixa visão, o que torna difícil ou impossível para eles realizar atividades como ler, escrever, fazer compras, assistir televisão, dirigir um carro ou reconhecer rostos. “A baixa visão pode ser causada por doenças oculares que são mais comuns em pessoas mais velhas, como a degeneração macular relacionada à idade, o glaucoma e a retinopatia diabética. Felizmente, existem muitas estratégias e recursos disponíveis para pessoas com baixa visão que podem ajudá-los a superar esses desafios”, afirma Caballero.

 

As pessoas com baixa visão e aquelas que cuidam delas podem se beneficiar das dicas a seguir, elaboradas pela equipe de oftalmologia do IMO:

 

·        Consulte sempre um oftalmologista: aqueles com baixa visão podem melhorar sua qualidade de vida através da reabilitação visual, que ensina as pessoas a usarem a visão remanescente de forma mais eficaz. O tratamento mais indicado para cada paciente é indicado pelo oftalmologista, que é o médico especializado no diagnóstico, tratamento clínico e cirúrgico de doenças oculares e outras condições oftalmológicas;

·        “Faça as coisas ficarem maiores”: sente-se mais perto da televisão ou do palco para assistir um espetáculo. Compre livros com letras maiores, telefones com discadores maiores e cartas de baralho maiores. Ande com lupas de aumento para obter ajuda com cardápios de restaurantes, prescrição de medicamentos e etiquetas de preços;

·        “Torne as coisas mais visíveis”: certifique-se que as áreas por onde você circula estarão bem iluminadas e cubra as superfícies brilhantes. Considere usar cores no ambiente que contrastem bem uma com a outra. Por exemplo, beba café numa caneca branca;

·         Use a tecnologia: existem muitos aplicativos e gadgets que têm aplicações que podem ajudar pessoas com baixa visão. Por exemplo, e-readers permitem aos usuários ajustar o tamanho da fonte e o contraste da tela. Muitos smartphones e tablets também podem ser usados ​​para ampliar a impressão e fornecer instruções de navegação por voz;

·        Organize e coloque etiquetas: defina pontos fixos para suas chaves, carteira e itens usados ​​com frequência na sua geladeira. Medicamentos podem ser identificados com etiquetas ou marcadores coloridos. Etiquetas coloridas podem ser colocadas nas roupas para distingui-las;

·        Participe. Não se isole: mantenha o seu grupo social ativo, seja ele um trabalho voluntário ou a prática de algum esporte. Esse esforço pode exigir iluminação, grandes cartões de impressão, uma lupa ou alguém para auxiliar na prática esportiva. Peça ajuda quando precisar.

 

 

“Se você acha que pode ter problemas de visão, consulte um oftalmologista imediatamente. Quanto mais rápido você receber cuidados, mais rápido você poderá voltar a fazer as coisas que você gosta e fazê-las de forma mais independente. Ter baixa visão não significa desistir de suas atividades, significa encontrar novas maneiras de fazê-las, com o auxílio do oftalmologista", defende Juan Caballero.

 

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Envelhecimento no Brasil 

Os desafios da nova sociedade idosa

Postado por: Equipe Terceira Idade | Em: Diversos
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“O envelhecimento no Brasil é uma questão socioeconômica que o país realmente não está preparado para enfrentar” – Essa é uma afirmação do Dr. Jorge Félix, que é Jornalista e autor do livro“Viver Muito” em entrevista aoSustentabilidade Allianz. Ele também é pesquisador do tema Envelhecimento e garante que “tudo precisa mudar”.
Para Dr. Jorge Félix, o envelhecimento populacional no Brasil, a concomitância entre o aumento da expectativa de vida e da queda na taxa de fecundidade (mulheres tendo menos filhos) gera outros problemas. “É uma questão socioeconômica que o país realmente não está preparado para enfrentar. Nem o setor público, nem as empresas, nem os próprios indivíduos – que ainda não têm a consciência plena de que irão viver, em média, até 90 anos – estão preparados”, alerta o especialista.
Quais os desafios de uma sociedade que vive mais e melhor? Discutimos essas questões com o especialista em envelhecimento, Jorge Félix.
“É a primeira vez que o mundo envelhece. Logo, tudo precisa mudar.” A afirmação é feita pelo jornalista Jorge Félix, autor do livro “Viver Muito”, doutorando em Sociologia e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde também é pesquisador do tema Envelhecimento Populacional. Félix se dedica a estudar o aumento da expectativa de vida e as consequências para a economia e a sociedade.


Nesta entrevista ao Sustentabilidade Allianz, o professor do Centro Interdisciplinar de Assistência e Pesquisa em Envelhecimento (CIAPE) destrincha as questões mais importantes sobre o assunto e demonstra preocupação sem alarmismo. “O problema é que a sociedade brasileira ainda não vê o envelhecimento como uma economia da longevidade, que pode ser propulsora do crescimento. A sociedade brasileira, ao contrário do mundo, vê o envelhecimento com uma visão assistencialista, como a bomba-relógio, como um entrave”, afirma. A seguir, nosso papo com o especialista:

Estamos vivendo mais e melhor. Devemos comemorar esse fato? Estamos preparados para viver em uma sociedade envelhecida? 

Sim, a longevidade humana é uma grande conquista da ciência no século XXI. Tem de ser comemorada. A missão da ciência foi prolongá-la de forma que a evolução tecnológica pudesse garantir bem-estar. E isso vale para todas as classes sociais. Muitas vezes, as pessoas me perguntam isso. Mas não são só aqueles que podem pagar que têm acesso? Claro que o Brasil é um país muito desigual. Mas viver mais e melhor está sendo uma realidade de todas as classes. Comparativamente a uma pessoa muito pobre de 50 anos atrás, um idoso pobre hoje tem acesso a medicamentos com que seus avós e bisavós nunca sonharam. No caso do Brasil, temos o SUS, a saúde universal. A tendência da tecnologia, como sabemos, é se popularizar com o passar do tempo. Quanto ao envelhecimento populacional, a concomitância entre o aumento da expectativa de vida e da queda na taxa de fecundidade (mulheres tendo menos filhos) gera outros problemas. É uma questão socioeconômica que o país realmente não está preparado para enfrentar. Nem o setor público, nem as empresas, nem os próprios indivíduos – que ainda não têm a consciência plena de que irão viver, em média, até 90 anos – estão preparados.


Jorge Félix, autor do livro “Viver Muito”: "É preciso dar mais atenção aos idosos a despeito do grau de dependência, porque a atenção é uma medida preventiva. No Brasil, infelizmente, já estamos passando por uma crise do cuidado." (Foto: Divulgação)
Você conhece alguma iniciativa interessante de cuidados com idosos no Brasil?
Primeiro é preciso diferenciar o cuidado: formal, informal, familiar, institucional. Há vários tipos, e o segmento idoso é muito heterogêneo. Outra questão importante a citar é que, com o bom envelhecimento, aquela imagem estereotipada que se tem da velhice, ou seja, de dependência, foi postergada para o que chamamos de “mais idoso”, aquele com mais de 80 anos. Esse é o segmento da população que mais cresce. E é esse segmento, na maioria, que demanda cuidados de longa permanência, por seu alto grau de dependência e doenças crônicas. É preciso dar mais atenção aos idosos a despeito do grau de dependência, porque a atenção é uma medida preventiva. No Brasil, infelizmente, já estamos passando por uma crise do cuidado. Temos algumas boas instituições de longa permanência, ou asilos, no setor privado. Temos, claro, para a grande maioria da população idosa, os arranjos familiares. Menos de 1% dos idosos brasileiros vivem em asilos. Mas viver com a família está longe de garantir um bom cuidado. Os casos de maus tratos, violência, ocorrem na família. E são muitos, crescem e o poder público está com pouca capacidade de enfrentar esse problema. Como uma iniciativa positiva, eu cito a Comissão Pastoral do Idoso, presidida por irmã Terezinha Tortelli, que atende a centenas de idosos, em um programa sensacional de acompanhamento, feito por voluntários, e que preenche um vácuo estatal. 

Algum país é modelo nesse assunto?

Os países nórdicos – Noruega, Finlândia, Dinamarca, Suécia –, segundo várias pesquisas internacionais, têm a melhor qualidade de vida para a pessoa idosa. A Europa continental viveu a fase do welfare state e garantiu renda e um alto grau de seguridade. Mas desde os anos 1980, com o avanço da economia liberal, muita coisa mudou por lá e, agora, com a crise, os sistemas de previdência foram culpabilizados pela situação econômica. Eu não concordo com esse ponto de vista. Mas o que assistimos é um desmonte da seguridade. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha vivem uma situação muito perigosa, pois a poupança dos idosos estava em aplicações de renda variável. Embora a Grã-Bretanha tenha um bom sistema de saúde pública, a questão dos cuidados está provocando uma revolução nos conceitos econômicos e no planejamento das famílias. Isso significa dizer que não basta apenas garantir uma renda. A economia da longevidade, como chamo, implica uma série de atitudes e atribui responsabilidades a cada ator do processo: Estado, iniciativa privada e indivíduo.

Quais as principais consequências a médio/longo prazo do nosso descaso com idosos?

Eu não diria descaso. Eu diria que falta enxergar o envelhecimento populacional como uma nova realidade do mundo. É a primeira vez que o mundo envelhece. Logo, tudo precisa mudar. E vai mudar. E está mudando. No Brasil, o idoso brasileiro – a despeito de um alto grau de violência, problemas do sistema de saúde, preconceito, etc. – vive, em média, acima da linha de pobreza. O idoso de hoje foi beneficiado por uma economia desenvolvimentista do passado. Tem ainda, para os mais pobres, o BCP, o Benefício de Prestação Continuada. Temos um sistema de repartição que, hoje, foi o grande responsável por criar um mercado consumidor interno – algo inédito no país. Não foram os programas de transferência de renda, foi a previdência! Agora, a economia contemporânea deixa uma situação de alto risco para o idoso do futuro. Ou seja, o jovem e o adulto em torno dos 40 atualmente. Essa é a preocupação. Ou deveria ser. Ele tem um emprego instável, precarizado, com a segunda metade da carreira fragilizada, informal, passa, durante sua vida laboral, por uma instabilidade imensa. Além de comprometer a renda futura, esse indivíduo reduz sua propensão ao consumo no futuro porque vai vislumbrar mais insegurança. Hoje, com a situação conjuntural ainda, digamos assim, favorável, isso não está sendo muito perceptível pelas empresas nem pelas pessoas. Mas se o ritmo de crescimento continuar pífio, essa questão do envelhecimento populacional virá à tona, até porque o chamado bônus demográfico já está praticamente no fim e, na minha opinião, foi desperdiçado.

As empresas brasileiras estão preparadas para absorver a mão de obra "mais madura"? Há espaço para o idoso no sistema educacional brasileiro?

A empregabilidade do idoso brasileiro é bem maior do que nos países europeus ou mesmo nos Estados Unidos. O idoso, nos últimos anos, foi o segmento mais beneficiado pelo crescimento econômico e pela redução do desemprego. Mas eu considero esse panorama conjuntural. Vivemos um aquecimento econômico em 2010, 2011 e uma demanda por mão de obra, sobretudo qualificada. Aí temos dois problemas, o idoso brasileiro tem até 3,9 anos de estudo, em média. Mas como o jovem está se preparando mais para entrar no mercado, o idoso foi beneficiado. Mas é preciso, de novo, destacar a heterogeneidade. Aquele idoso mais qualificado foi mantido na empresa, chamado de volta ou virou consultor, temporário, etc. O que as empresas ainda não perceberam é que vão precisar dessa mão de obra mesmo que a economia não mantenha esse ritmo de crescimento, porque o envelhecimento populacional implica redução da população economicamente ativa e em idade ativa. O mais importante e que as empresas também não estão percebendo é que a atração e a retenção de talentos vão depender de políticas de envelhecimento. 

Empreender pode ser um bom caminho para os idosos?

Sim. Mas, como todo empreendedor, tem que conhecer o mercado, se perguntar por que quer empreender, em qual setor, que conhecimento tem sobre este setor. Em todas as minhas palestras sempre tem aquele momento em que alguém levanta o braço e faz a pergunta: como se reinventar aos 60? E muitos pensam que é o empreendedorismo. Claro, pode ser. É um caminho bom, até porque, em alguns casos, eles têm o capital, seja financeiro, seja intelectual. Na França, 13% das empresas startups que inovam são abertas por um empreendedor com mais de 60 anos. O que precisa é avaliar bem, pisar em terreno seguro e, como em todo empreendimento, avaliar a sustentabilidade, porque, a essa altura da vida, não pode errar e perder a poupança.

De que forma o envelhecimento da população brasileira afeta a geração "iPod"? A velhice do futuro vai exigir mais gastos. Como se preparar para isso? Previdência?

A geração jovem de hoje, como disse, é a de grande risco. Ela vive em uma economia muito mais instável, volátil e será assim no capitalismo contemporâneo. Teremos muito mais crises. A geração “iPod”, como digo no meu livro, corre risco porque tende a estabelecer-se individualmente. É o individualismo exacerbado da modernidade líquida denominada pelo sociólogo polonês Zigmunt Bauman, tão falada na tal da pós-modernidade. Parece acadêmico demais, só que é a realidade. O jovem de hoje vai envelhecer em uma sociedade individualista. E o homo vulnerabilis, como a economia já o identifica, tem outras tendências de consumo e de poupança. Mas, principalmente, ele não precisa de isolamento, aquele isolamento social típico do “iPod”. Ele precisa estabelecer uma rede social, não virtual, física, alguém que entre em sua casa e o levante do chão. Está se falando de necessidade real da velhice. O planejamento para isso é essencial. Hoje temos a teleassistência, que tem sido fundamental no mundo, e pode realmente mudar tudo, inclusive, a visão catastrofista de que o envelhecimento provoca obrigatoriamente aumento de gastos de saúde. Quanto à previdência, à poupança, é a regra de sempre. Nunca colocar todos os ovos em uma cesta só. Se Antônio, o Mercador de Veneza de Shakespeare, tivesse hedge não teria ficado nas mãos de Shylock. 

Um caminho importante na saúde é a prevenção. Há iniciativas nesse sentido no Brasil ou ainda engatinhamos?

Eu defendo que o Brasil deveria investir muito mais em prevenção e em campanhas públicas. Por exemplo, no caso das quedas, uma questão econômica séria. O problema é que a sociedade brasileira ainda não vê o envelhecimento como eu defendo, como uma economia da longevidade, que pode ser propulsora do crescimento. A sociedade brasileira, ao contrário do mundo, vê o envelhecimento com uma visão assistencialista, como a bomba-relógio, como um entrave. Nada disso. O mundo já está revendo isso de forma muito radical. A área de Saúde tem uma oportunidade imensa. Ainda engatinhamos em teleassistência, por exemplo, e corremos o risco de ver um resultado nada animador na nossa balança comercial por causa desse atraso tupiniquim.




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