Médico conta que, entre seus inúmeros pacientes, há aqueles que já
ultrapassaram a casa dos 20 anos e que o consideram um integrante da
família
A Pediatria é a medicina do ser em crescimento. Mas,
afinal, até que idade os pais devem levar seus filhos ao pediatra? À
medida que seus filhos vão crescendo, muitos pais ficam sem saber
qual o profissional da saúde que deverá, então, zelar pela saúde de
suas crianças. “Em meu consultório, tenho pacientes que já ultrapassaram
a faixa etária recomendada para que uma pessoa recorra a um pediatra.
Muitos são adolescentes quase adultos”, diz o pediatra Sylvio Renan
Monteiro de Barros, da clínica MBA Pediatria, de São Paulo, com mais de
30 anos de atuação na área, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e
com especialização em pediatria pela UCLA (University of California,
Los Angeles).
Desde 1969, o Conselho Americano da Prática
Pediátrica (Council of Pediatric Practice) aconselha que o
acompanhamento com este profissional prossiga até que o paciente
complete 21 anos de idade. No entanto, muitas entidades, públicas ou
privadas, estabelecem limites arbitrários, como 12, 14 ou 16 anos para o
atendimento por pediatras. Lembrando ainda que dentro da área da
pediatria existe uma subespecialidade, a hebiatria, que atende o
adolescente, fase pré-determinada entre 13 e 21 anos.
Autor do
Blog do Pediatra e do Livro ‘Seu bebê em perguntas e respostas – Do
nascimento aos 12 meses’, o especialista reforça que a recomendação é
que as consultas para crianças, até um ano de idade, sejam realizadas
mensalmente. A partir do 2º ano de vida, a visita deve ser feita a cada
três meses e, dos 2 aos 6 anos, que aconteça semestralmente. Quando o
paciente já estiver crescido, poderá visitar o pediatra anualmente. Na
adolescência, e depois disso, o recomendável que os cuidados com a saúde
destes pacientes ocorram com um clínico geral, anualmente.
Para o médico, um dos motivos que faz com que, mesmo após os 21 anos,
muitos ainda recorram ao pediatra - mesmo que seja apenas para pedir
conselhos -, é justamente pela dificuldade da quebra do “cordão
umbilical” na relação entre o médico e o paciente, em razão da longa
interação durante seu crescimento e maturidade. “Muitos pediatras acabam
se tornando parte da família da criança, sendo difícil essa despedida”,
afirma.
No entanto, devido às individualidades de cada um, o
pediatra Sylvio Renan relata: “Assim como cada criança tem suas
particularidades, nós adultos também. Há casos que fogem às regras,
devido a alguns acometimentos que possam requerer mais visitas com um
profissional”.
Para estes pacientes “crescidinhos”, o pediatra
sempre procura se atualizar, embora muitos atendimentos sejam mais de
ordem afetiva e comportamental do que propriamente para o tratamento de
doenças físicas. “É preciso aprender a ouvi-los e atender seus anseios.
Particularmente, colaboro com conselhos e observações. Mas deixando
claro que não estou assumindo a atuação médica própria desta área, que é
de um clínico geral, inicialmente”.
Sylvio Renan frisa ainda
que todos os pediatras, atualmente, estão se adequando para atender
pequenos pacientes que provavelmente vão viver até 120 anos. “O
importante é ter qualidade de vida. Por isso, nós, profissionais da
saúde infantil precisamos nos esforçar e contribuir cada vez mais para
que pacientes sejam acompanhados pelo pediatra desde seu nascimento, e
que façam consultas preventivas e de check-up regularmente. Ter uma boa
qualidade de vida requer orientação para que se evitem condutas
prejudiciais à saúde, a curto e longo prazo. Se é para viver até os 120
anos, que se possa viver bem, com qualidade e saúde sempre”.
Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros:
O Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros é autor do livro "Seu bebê em
perguntas e respostas - Do nascimento aos 12 meses". Formado pela
Faculdade de Medicina do ABC, tem especializações e títulos pela
Unifesp/EPM, Sociedade Brasileira de Pediatria e General Pediatric
Service da University of California - Los Angeles (Ucla). Sylvio Renan
atuou por quase 30 anos no Pronto Socorro Infantil Sabará e foi diretor
técnico do Hospital São Leopoldo, cargo que deixou para se dedicar ao
seu consultório, a MBA Pediatria, e à literatura médica para leigos.
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Adultos não cortam cordão umbilical na relação paciente e pediatra