A causa do câncer, em aproximadamente 95% dos casos, é o tabagismo e o risco aumenta quando associado a bebidas destiladas
Os homens são os mais suscetíveis a desenvolver o câncer de laringe -
doença considerada a mais comuns entre as que atingem a região da cabeça
e pescoço. De acordo com os dados divulgados pelo INCA (Instituto
Nacional do Câncer), o câncer de laringe representando cerca de 25% dos
tumores malignos que acometem esta área e 2% de todas as doenças
cancerígenas. Aproximadamente 2/3 desses tumores surgem na corda vocal
verdadeira e 1/3 na laringe supraglótica (acima das cordas vocais).
Estima-se que no Brasil surgem de 8 a 10 mil casos ao ano.
O
oncologista e cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Nossa Senhora
das Graças, Alessandro Cury Ogata ressalta que a causa do câncer, em
aproximadamente 95% dos casos, é o tabagismo. O fator de risco aumenta
quando o cigarro está associado a bebidas destiladas. “Parar de fumar e
de consumir álcool são medidas saudáveis e fundamentais para manter a
saúde. Infecções virais da laringe (papilomas) podem ser consideradas
outro fator de risco, além da herança genética, o que explicaria o
surgimento dessa doença em pacientes não fumantes e jovens”, enfatiza o
médico.
Em muitos casos a doença não ocorre somente nas cordas
vocais, mas também em outras estruturas, como a epiglote – uma espécie
de “tampa” localizada entre a base da língua e as cordas vocais. Além do
tradicional sintoma de rouquidão, podem surgir outros como: a
dificuldade para engolir ou ingerir, dor na garganta, massa cervical,
sangramento e até mesmo dores irradiadas para ouvidos, nos casos mais
avançados.
“É importante que o paciente que esteja rouco por
mais de 15 dias procure o otorrinolaringologista, cirurgião de cabeça e
pescoço ou seu médico de confiança para ser avaliado e possivelmente
fazer um exame das cordas vocais”, explica o Cirurgião de Cabeça e
Pescoço também do Hospital Nossa Senhora das Graças, Evandro
Vasconcelos.
Tratamento
O tratamento do câncer de
laringe tem evoluído continuamente, mas os pilares básicos ainda são:
cirurgia, radioterapia e quimioterapia. “Com frequência ocorre a
associação desses tratamentos. A radioterapia geralmente é indicada nos
casos iniciais e pode ser potencializada com quimioterapia. A duração do
tratamento geralmente dura de três a quatro meses”, ressalta Dr.
Alessandro Ogata.
Dr. Evandro Vasconcelos avalia que o
tratamento precisa ser adequadamente selecionado para cada situação e
ter o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para examinar o
paciente, entre eles: o oncologista, o radioterapeuta, o cirurgião de
cabeça e pescoço – que atua em conjunto com o otorrinolaringologista,
normalmente o responsável pelo diagnóstico na maioria dos casos. “Há
também a necessidade de tratamento fonoaudiológico para a adequação de
comunicação e deglutição do paciente”, enfatiza o especialista.
Embora a cirurgia seja realizada com frequência, sendo uma forma eficaz
de erradicar a doença, as laringectomias (retirada parciais ou total da
laringe) causam perda da voz ou no mínimo, a perda da qualidade vocal e
a necessidade de desviar a respiração por traqueostomia (abertura
cervical temporária ou definitiva para a manutenção da respiração).
“Apesar da perda vocal os pacientes têm grandes chances de sobrevida,
podendo atingir até 90% em cinco anos nos casos descobertos na fase
inicial da doença. Mas o grande desafio da Medicina sempre será a eterna
possibilidade de reincidência da doença. Felizmente, sempre haverá a
possibilidade de novo tratamento, mesmo nestes casos”, destaca o Dr.
Ogata.
De acordo com o Dr. Vasconcelos há também os tratamentos
que preservam o órgão, por meio de cirurgias em que se resseca
parcialmente a laringe ou através de quimioterapia e radioterapia. “Caso
a resposta seja favorável, a laringe é preservada. Caso não seja, o
paciente perde a laringe. As opções terapêuticas hoje disponíveis
decorrem de altos níveis de controle de doença, mas tudo dependerá do
estágio que o tumor se encontra e a resposta ao tratamento”, esclarece o
médico. Quando ocorre a perda da voz, o especialista faz uma ressalva.
“Há opções para recuperá-la como, por exemplo, a reabilitação
fototerápica, utilizando a laringe eletrônica, voz esofágicas e próteses
fonatórias, mas nada devolverá a voz original”, lembra.
Assessoria de Imprensa do HNSG
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Câncer de laringe representa cerca de 25% dos tumores malignos