Três fases do tratamento para Hérnia de Disco


A maioria das pessoas não vai cuidar do problema até que esteja em "crise". E uma crise de coluna pode acontecer dez anos após o início do problema. Por essa razão, a prevenção acaba sendo a melhor opção.

Depois de instalado, a única maneira de tratar e resolver o problema é com uma abordagem progressiva. Não acontece num passo de mágica. A correção da causa será gradual.

Daremos ênfase no tratamento conservador, porém alguns casos necessitam de cirurgia ou injeções de anestésicos ou antiinflamatórios na coluna.

Em geral, podemos dividir o tratamento em três fases e se você tentar pular uma das fases é bem provável que termine voltando para a primeira novamente...

Fase 1: Fase aguda
Durante a fase aguda, a articulação e todas as estruturas em volta (músculos, nervos e ligamentos) tornam-se extremamente inflamados e espásticos (contraídos exageradamente), o que resulta em 
muita, muita dor.

O primeiro e único objetivo dessa fase é "apagar o fogo". Isso deve ser feito o mais rápido possível já que essa fase é a mais debilitante e sofrida (em geral este estágio pode durar de 2 a 6 semanas).

As medidas mais indicadas para essa fase é descanso relativo, gelo, fisioterapia, acupuntura e medicação antiinflamatória e analgésica. Descanso relativo significa que você deve parar qualquer atividade física (até porque, nessa fase, nem o corredor mais fanático conseguiria manter o treino ou, pelo menos se mentalmente são, não deveria...). Porém, o repouso absoluto, deitado numa cama, é indicado apenas para os casos graves onde a postura sentado ou em pé não é tolerável devido à intensidade da dor.

Nesta fase o mais importante não é reconquistar o movimento perdido, mas sim não exigir muito movimento na região afetada para não aumentar o processo inflamatório e congestão já estabelecido na região.

Alguns suportes (cintas ou coletes) para a coluna ajudam no alívio da dor nesta fase. A fisioterapia pode auxiliar no relaxamento da musculatura e reeducar o paciente quanto às posturas mais indicadas nas diferentes atividades do seu dia-a-dia, como por exemplo: em que posição dormir, como se virar na cama e levantar-se corretamente, como ajustar a cadeira e a mesa do trabalho para não agravar a dor e compressão do nervo.

Fase 2: Reabilitação
Essa é a fase que a maioria das pessoas não toma conhecimento. O movimento deve ser restaurado na articulação da coluna e deve ser orientado um programa de recondicionamento dos músculos que suportam e estabilizam a coluna, que deverá ser seguido para a melhora a condição geral da coluna.

A maioria dos sofredores de dores nas costas acha que uma vez que a dor diminui ou desaparece é porque o problema foi resolvido. A verdade é que isso é apenas o começo da fase de correção. Essa fase dura de 4 a 6 meses de dedicação e trabalho duro, mas você verá resultados gratificantes e duradouros.

Esta fase consta da combinação de técnicas que visam restabelecer o alinhamento estático e dinâmico da coluna e principalmente a capacidade de movimento em todas as vértebras da coluna. Para atingir esses objetivos o corredor pode procurar fisioterapeutas que trabalhem com RPG, técnicas de terapia manual como Maitland, Osteopatia e Energia Muscular. Outra opção são os quiropratas (estes têm sua prática pouco difundida no Brasil, mas são extremamente reconhecidos na Europa e Estados Unidos).

Juntamente com a restauração do movimento devem ser intensificados os exercícios de estabilização da coluna, que terão o objetivo de facilitar o recrutamento dos músculos que protegem a coluna.

Para os corredores que se interessam por anatomia e querem aprender mais sobre os músculos envolvidos na reabilitação da coluna, os principais músculos estabilizadores da coluna são: quadrado lombar, transverso abdominal, oblíquos, multifidius e psoas. Estes exercícios podem ser aprendidos na fisioterapia ou se você não tem acesso a esse serviço uma outra opção é o Pilates, que pode ser feito em uma academia de ginástica. O mais importante é que você tenha supervisão durante a realização dos exercícios até que esteja familiarizado com a correta posição e execução dos mesmos para prosseguir por conta própria.

Após a conquista do recrutamento da musculatura estabilizadora da coluna é indicado o início de fortalecimentos musculares globais: todo o grupo abdominal, glúteos, flexores do joelho (isquiotibiais), extensores do joelho (quadríceps), extensores da coluna (paravertebrais), entre outros. 

Estes músculos são importantes para o mecanismo protetor da coluna durante a corrida, pois o estresse, normalmente localizado na coluna lombar, deve ser transportado para os quadris, joelhos e tornozelos, para a conquista de um sistema completamente equilibrado.

Outro fator que contribui nessa fase é a adoção de hábitos saudáveis, como a perda de peso se você está acima do indicado para a sua altura, e boa postura durante as suas atividades de vida diária.

Uma vez que o atleta tenha iniciado e se adaptado aos exercícios de estabilização da coluna e aos exercícios de fortalecimento geral, processo este que leva em média duas semanas, os exercícios aeróbicos podem ser reiniciados e progredidos gradualmente nesse período de 4 a 6 meses. 

Dependendo da gravidade de cada caso, o médico ortopedista e/ou fisioterapeuta deverá auxiliar na escolha da atividade aeróbica mais indicada para você iniciar a sua recuperação.

O grau de compressão nervosa determina o momento da volta à corrida: uma compressão mínima permite o retorno mais precocemente quando comparada a uma compressão maior. Além disto, existem outros fatores que serão levados em consideração: algumas compressões ocorrem ao flexionar a coluna, enquanto que muitos casos degenerativos se agravam mais com extensão da coluna. Se o seu caso piora com flexão, atividades como natação, deep running e corrida serão mais indicadas. Nos casos agravados por extensão da coluna, a primeira atividade aeróbica tolerada pelo paciente será bicicleta ergométrica (de preferência aquela mais horizontal, com apoio nas costas). 

Lembre-se que no caso da corrida o treino deve ser iniciado com um programa de trote leve em terreno regular e a progressão também deve ser lenta e gradual.

Além de muita dedicação, paciência e motivação, você deve estar atento a qualquer sinal que o seu corpo estiver lhe mandando. Diminua o seu treino toda vez que sentir dor ou desconforto, seja durante ou depois da realização dos exercícios.

O mais indicado é ter ajuda profissional durante toda essa fase. Se nã for possível contar com os serviços de um fisioterapeuta ou treinador familiarizado com a recuperação de problemas de coluna, tente manter o seu médico informado sobre a sua progressão e procure ajuda se apresentar qualquer sintoma.

Fase 3: Manutenção
Esta fase fará parte do resto da sua vida... Pelo menos, requer o menor esforço, tempo e dinheiro para manter as excelentes mudanças conquistadas nos meses anteriores. Se você não mantiver um programa de manutenção, existe grande chance de voltar à estaca zero. A idade pesa sobre todos nós, principalmente nas nossas articulações, ossos e músculos. Na nossa opinião esse não é um preço alto a pagar pelo benefício de se manter ativo e fazendo o que você mais gosta.

Portanto, como o processo de envelhecimento é natural e inevitável, a melhor forma de evitar a dor nas costas por causa da hérnia de disco é prevenir, começando com bons hábitos posturais para evitar que movimentos que parecem bobos no dia-a-dia acabem acarretando uma patologia que pode atrapalhar os planos para uma nova prova ou meta.

Fonte: FaçaFisioterapia

Comentários

  1. Adorei toda a matéria!
    Descobri que tenho protusões (da L4 à S2) a um pouco mais de 1 ano, malho bastante, mas até hoje sinto algumas dores. Sempre quis fazer pilates e um tratamento de fisioterapia mas são muito caros e infelizmente não consegui fazer. Mas adorei saber dos passos, principalmente como uma amante de corrida, mas infelizmente não consigo mais correr como antes.
    Ótima matéria!
    Marcella Macêdo

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